quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Tchau, 2008!


É só mais um dia. É apenas o dia seguinte. Mais uma quinta-feira. Entretanto, temos esperança. Esperança de que as coisas mudem, progridam, cresçam. Que não falte grana para comprar os pequenos sonhos e pagar as contas. Que não falte saúde. Que não faltem beijos na boca. É isso que quero para mim e para todos aqueles que quero bem. Bem-vindo 2009!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

The Incredible Pet Nail Trimmer



Isso parece até nome de espetáculo Off-Broadway hehehehehe. Esta semana recebi cinco e-mails com este título. Obviamente não abri nenhum deles, mas todas as vezes que li o título do assunto, senti vontade de rir. Lembrei de um colega que inventou uma banda chamada I’d like a piece of cake. A sonoridade é simplesmente... absurdamente... inesquecível.
Acho que vou lançar um livreto com esse nome: The Incredible Pet Nail Trimmer. E o subtítulo: A longa saga de um cão abandonado. A julgar pelo título, posso inferir que as vendas na Barra da Tijuca serão um sucesso. O subtítulo atrairá os leitores que já se debulharam em lágrimas com o Marley e não vêem a hora de por as mãos em mais uma fonte... suculenta.

Êta complicação do cacete!


Me amarro no Natal, mas odeio o clima de feriado, quando tudo fecha e a cidade morre.
Adoro pegar um bronze, mas não curto o processo de ir à praia. Gosto de águas mornas e aqui as águas são sempre geladas.
Gosto de namorar. Quero ser namorado, não marido. Adoro o clima lúdico do namoro. Detesto as queixas do casamento.
Adoro fazer amigos, mas não curto as cobranças. Visitar, telefonar, trocar e-mails, tem que ser tudo natural e espontâneo.
Adoro comer, mas não curto a idéia de engordar.
Adoro o Ano Novo, mas odeio samba-enredo. Acho sempre uma cafonice quando começa a rolar o sambão chato depois da meia-noite. Por que não um bom rock???
Adoro trabalhar, mas odeio prazos.
É phodah conciliar tanta coisa... É dureza conviver com tanta dicotomia.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mais uma do galã


Deve ser muito phodah estar na pele de um Tom Cruise 24/7. O cara é inquestionavelmente bonitão, talentoso e garante uma onda gigantesca de gente na bilheteria.
Vi o piratão do Valkyrie ontem e gostei muito. Tom mais uma vez se destaca, mas me causa um certo mal-estar... Ah, Tom! Não custava nada fazer pelo menos um sotaque britânico, né não, mané? O pessoal vai cair na sua jugular, pode aguardar.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Inesquecível


Os dois se encontravam toda segunda por volta das sete da manhã. Ela ia ao seu encontro. Ao chegar lá, ele tinha acabado de voltar da academia, ainda suado. Ela, toda cheirosa, envolvia-se naqueles braços úmidos e então eles se beijavam.
Não havia promessas. Vitor era casado. Tinha 35 anos. Ainda com seus vinte, toda durinha e cheia de tesão, Camila não resistia à lábia daquele cara que quando a abraçava dava-lhe a sensação de que o universo consistia apenas daquele apartamento de dois quartos no Leblon e aqueles dois corpos loucos para pular na cama.
Depois de soltá-la, ainda na porta, Vitor passava a chave cuidadosamente para que ninguém entrasse de surpresa. Em seguida, caminhava em direção ao sofá, onde sentava-se e olhava fixamente para Camila. A menina já sabia o que tinha de ser feito. Aproximava-se dele, ajoelhava-se no tapete vermelho e tirava-lhe os tênis. Aquele ritual era saboreado por Vitor que assistia atentamente a cada detalhe. Primeiro Camila desatava o laço do cadarço. Em seguida afrouxava o calçado e retirava-o do pé. Olhava para cima, encontrava os olhos famintos de Vitor e dava um sorriso. Depois que retirava a meia, beijava o dedão suavemente e repetia o processo no pé esquerdo.
Àquela altura, Vitor já estava duro feito rocha. Puxava a menina pelo ombro e beijava-lhe os lábios carnudos e tesos. Lambia-lhe o pescoço e, à medida que descia com sua língua lasciva, usava as mãos para despi-la. Desde que se conheceram, Camila só usava sutiãs brancos. Achava que fosse a preferência de Vitor. Só que Vitor mal reparava a roupa com que ela aparecia toda segunda. Ele tinha pressa. Pressa em vê-la peladinha, com aquela cinturinha fina e os seios durinhos, que cabiam exatamente em suas palmas.
Depois de ter tirado-lhe a calcinha, Vitor ocupava-se daquele sexo que exalava um aroma de desejo. Continha sua vontade de entrar ali e concentrava-se em dar prazer àquele protótipo de mulher. Sabia que uma vez lá dentro, não demoraria tanto quanto ele desejava.
Arrastava a menina para a cama, jogava-a deitada, de pernas abertas, arreava o calção e aguardava até que ela se levantasse e fizesse com a língua coisas que nenhuma outra mulher fizera com tamanha destreza e acuidade.
E os dois então fundiam-se em um, naquela cama sempre coberta com lençóis brancos. Vitor trepava feito um cachorro louco. Camila fazia amor e nutria a esperança de domar o cão e, quem sabe, colocar-lhe na coleira.
Aquele ritual matinal de segunda-feira durou três anos até que Camila perdeu a esperança, ou talvez a paciência. Ou talvez tivesse encontrado um labrador para substituir aquele doberman. Vitor não sabe ao certo. O certo é que Camila passou três Natais, três carnavais e três dias dos namorados sozinha em seu quarto, pedindo a Deus que chegasse a segunda-feira seguinte para amar aquele animal selvagem.
Aos vinte e três, Camila cansou-se de esperar e nunca mais apareceu. Trocou o celular e a conta de e-mail. Vitor encontrou outra ninfeta submissa, sem nunca tirar Camila da cabeça.

domingo, 23 de novembro de 2008

Não perco nenhum episódio desta série

Toda Quinta, às 22:00 no FX.



Intrigante. Aborrecedora. Chocante.

sábado, 22 de novembro de 2008

E lá se vai mais um espelho!

Curioso como nossos amigos tornam-se proprietários de partes muito nossas, de nosso eu, nossa alma. No curso de nossas histórias juntos, acabamos confiando-lhes a posse do que somos (quase) sem filtros. Isso fica muito claro sobretudo quando eles se vão.
Esta semana ao me despedir de um grande amigo que está se mudando para a Austrália com a esposa e dois filhos, senti um vazio, um incômodo, sei lá. Ao analisar o sentimento, me peguei pensando em tudo que compartilhei com o cara e conclui, de alguma forma, que ele está levando consigo uma definição do que sou.
Talvez então seja isso! Nossos amigos nos definem . Todas as vezes que nos encontramos, olhamo-nos e trocamos idéias, renovamo-nos, numa relação especular onde eles precisam de nosso olhar e nós, o deles. Estamos ali, lembrando-nos mutuamente de quem somos; lembrando-nos dos compromissos que assumimos com uma imagem, uma persona, uma estampa, uma fachada, um grupo.
Meu grupo está menor hoje. Ainda que o conceito de mim que o Junior está levando para o outro lado do mundo não morra, ainda assim esse conceito não vai mais corroborar quem sou, pois o espelho estará distante demais para que eu veja meu reflexo.
Abração, amigo! Boa sorte nesta nova empreitada!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Eus

Tento me reinventar a cada dia. Re-significo o que posso. Inverto-me. Retorno e revisito. Revejo e corrijo. Mudo as cores. Preciso do novo.
Preciso, entretanto, retornar à gênesis, à essência, ao ponto inicial. Não consigo abandonar os alicerces para construir um novo barraco em outro terreno. Causa-me pavor tal possibilidade.
Raspo, tiro, ponho lá, coloco de volta no lugar, deixo crescer de novo. Aqui dentro, tento conviver com tantos eus brigando entre si, gritando para sair. Mas não consigo liberar todos de uma só vez. Tem de ser aos poucos. Cada um em seu tempo que já não sei se é preciso, exato, acurado.
Durmo com um tom e acordo com outro. Um caminho a cada fase. Uma trilha de fundo em cada período.
Em meio a este caos de tantos eus, nessa orgia de almas por vezes excludentes entre si, tento tocar pra frente, inclinando-me aqui, deitando-me ali, sentando-me acolá, penetrando-me sabe Deus onde.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Mandy

Billy

Esquizofrênico


Não sei como esse troço começou. Só sei que chegou e nem bateu na porta. Entrou e acomodou-se em um canto escuro da sala, onde havia muito tempo que eu não passava a vassoura.
O monstro instalou-se ali e recusa-se a abandonar o conforto. Afasta-se do canto apenas à noite, depois que apago as luzes. O desgraçado arrasta-se até meu quarto, escala a cama e invade-me a cabeça, povoando-a com confusão, dúvidas, bagunça. Seu plano argiloso é para mim uma incógnita. Aliás, como poderia ser outra coisa para uma cabeça tão confusa?
Às vezes acho que meu inconsciente criou essa coisa podre para me afastar da reflexão. A preguiça ocupou o espaço da curiosidade. Só de pensar em pensar, sinto vontade de dormir.
Temo a possibilidade de incorporar esse monstro à minha rotina. Não quero que fique em minha vida por muito tempo.
Acho melhor varrer a casa.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Noite


Venha e irradie sobre mim toda essa energia.
Inebrie-me com sua alegria, seu entusiasmo.
Empreste-me seu sexo por algumas horas.
Deixe-me desfrutar de todas essas delícias que você me proporciona.
Permita-me sugar-lhe até a alma.
Quero que sua boca me prove, me chupe e sinta o calor que você trás à minha vida.
Deixe as amarras no chão, antes de pular na cama.
Mostre-me esse lindo corpo nu para que eu pule sobre ele.
Mostre-me esse lindo rosto enquanto procuro meu lugar dentro de você.
Deixe-me afogar sua pele macia em meu suor quente.
Deixe-me penetrar-lhe os ouvidos com minha respiração ofegante.
Quero ouvir, como tantas outras vezes, seus gemidos doces, pedindo mais.
Dando-me mais. Encantando-me mais.
Esprema-se contra mim e contraia os músculos enquanto contraio-me sobre você, inundando-lhe com amor, tesão. Não me abandone nestes três segundos de morte. Quero renascer com você nos braços.

sábado, 8 de novembro de 2008

Vi num pára-choque


“Capriche na gentileza e na simpatia, pois todos com quem você se esbarra, sem exceção, estão travando suas próprias batalhas”.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Registros


Ah, cheiro bom esse que seu corpo exala e penetra-me as narinas, abre caminho pelo meu córtex, chega ao meu sistema límbico e lembra-me que preciso disso para respirar melhor!
Esse seu cheiro... conjunção de aromas que deixa-me teso na cama ao seu lado e invade meu sono, produzindo-me estados oníricos sexualmente indescritíveis...
Cheiro gostoso que já me ensinou a articular o que exala de seus poros com o que desliza de sua língua, mostrando-me seu intelecto extremamente estimulante.
Mal consigo trocar os lençóis... temo não ter você essa noite e dormir sem a memória de sua presença, no seu lado da cama...
A vontade que tenho é de espremer você e engarrafar o que sair... Entretanto, eu logo me lembro de que em alguma parte de mim, talvez na alma, seu cheiro já está registrado. Assim como tantas outras marcas suas.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Amor e Pastilha de Hortelã


E ela conseguiu o que queria: conquistou aquele coração temeroso, de um sujeito traumatizado, ainda sangrando com as mágoas da relação anterior.
O brilho em seus olhos, seus gestos carinhosos, sua alegria, seu entusiasmo: tudo aquilo formava um conjunto extremamente cativante e envolvente. Tudo de que ele precisava.
Mais cedo do que ele esperava, entretanto, ela envolveu-se profundamente com o trabalho. Seus olhos não mais brilhavam como antes. Seus gestos carinhosos passaram a seguir uma espécie de protocolo amoroso, como se descritos em um manual. Sua alegria, ah, sua alegria... transformou-se em queixa. Nada mais prestava. Sua única fonte de entusiasmo parecia ser agora o trabalho.
Ele sorria silenciosamente. Chorava, às vezes. Era mais uma reprise do filme. Mais uma que não sabia o porquê de estar envolvida em uma relação. Como tantas outras, ela temia apenas ficar só. No entanto, não conseguia determinar o que realmente importava em sua vida. Ou talvez até ela já soubesse que nada mais além do seu trabalho importava tanto.
Continua envolvida em um caso amoroso ardente com as pastas, os documentos, os memorandos, as palestras, a fofoca corporativa.
Ele, por sua vez, sabe que é só uma questão de tempo. Logo ela descobrirá que as pastas, os documentos, os memorandos, as palestras e as fofocas não estarão em lugar nenhum quando sua juventude tiver se esvaído. Nenhum daqueles companheiros estará ao seu lado para relembrá-la de como era quando mais jovem.
Talvez ela olhe para trás e sinta vontade de voltar no tempo e voltar para casa mais cedo, quando ele só queria tê-la nos braços, acariciar-lhe o rosto, fazer amor.
Ou talvez ela consiga conquistar outro que se encante pelos seus olhos brilhantes, seus gestos carinhosos, seu entusiasmo... Mas isso já não mais pertence a ele.
O sujeito abre uma pastilha de hortelã e toca pra frente.

sábado, 1 de novembro de 2008

Flatulência Oral


Na academia, semana passada:

Instrutor: “Qual o seu objetivo?”
Flatulente:“Ah, acho que quero mesmo é atrofiar tudo”

Por pouco não larguei o halter sobre meu pé.


No metrô, sexta-feira:

“Não, cara! A Sandy & Junior é filha do Chitaõzinho e Chororó”

Não agüentei. Tive que mudar de vagão pra não rir ali.

O Vôo do Morcego


As luzes se apagaram. As câmeras, idem. E Batman se foi... Cansou-se daquela caverna batida. Conseguiu ajuda do Recruta Zero, que noite sim, noite não dava um role em sua toca, onde transformava-se em Mulher Gato e dava-lhe muito mais que entretenimento. Acredita-se que os dois se reencontrarão para matar a saudade.
Gotham City está mais vulnerável com esse retorno... E agora? Quem poderá nos defender? Resta-nos recorrer ao Chapolin Colorado.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Felatio Didático

Para quem ainda não aprendeu, aí vai uma explicação didática!

Silêncio


É, Bill... melhor ficar calado.

Parece que foi ontem

Sensualidade e religiosidade de mãos dadas na pista. Inesquecível.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pelos Ares


Chega a rampa. O coração pede mais. Quero saltar daqui. Quero voar. Atravessar aquelas nuvens ali na frente. Quando o chão desaparece, sinto um frio na barriga. Não fecho os olhos. Mantenho-os abertos. Bem abertos para ver este céu e essa cidade lá embaixo. Formigueiro. Que maneiro! Por que não fiz isto antes? Abro os braços e por um instante imagino que a asa é minha. Ignoro o que me mantém pendurado aqui. O vento frio acompanha toda a brincadeira. Por mais de vinte minutos sou dono do céu. Por uma eternidade guardarei este momento registrado. Ao aterrissar, o coração pede mais. Como poderei voltar a andar? O jeito é marcar outro vôo.

Fase


Ressecado. Daqui não sai nada. Ou quase nada. Cabeça tomada. Medo. Preocupação. Mudanças. Quando começou? Não sei. Eu continuo aqui. Você transita. Penso. Reflito. Preciso. Hidratar. Água. Arte. Sexo. Elétrons. Fóton. Paciência. Não espero. Vou. Quero. Sair daqui. Falta luz. Falta de ar. Falta você. Falta eu. Paraliso. Cerro as pálpebras. Chegou. Lubrificação. Precisava. Disso. Hidrato. Reflito. Re-significo. Re-equilibro. Refaço. Desagradável. Ficar. Assim. Ressecado.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Rio de Janeiro da Abstenção


Para mais de vinte por cento da população carioca, o último domingo foi muito especial. Aproveitando o feriado prolongado – resultado do dia do servidor público – esses cariocas “gente boa” fizeram questão de se esquecer que o domingo era um dia decisivo para a cidade. Trocaram as urnas pelas dunas, pela água de coco na praia, pelas churrascarias, pela chopada com os amigos “gente fina”. Trocaram a preocupação coletiva pelos interesses individuais.
Enquanto isso, a cidade padece. Como se já não bastasse a falta de segurança, saúde, educação e de serviços de qualidade, o Rio de Janeiro padece da falta de interesse de seus cidadãos ou, pelo menos, de uma considerável parte deles.
É provável que se tratem dos mesmos cidadãos que abrem as janelas de suas picapes e atiram latas de cerveja na rua. É quase certo que sejam os primeiros a reclamar das faltas e os últimos a levantar um dedo para fazer qualquer coisa para melhorar. Certamente parte deles são aqueles mesmos seres esquisitos que aparentam estar sempre deprimidos e odiarem o que fazem. Aqueles mesmos que começam a trabalhar às nove. Que lutaram muito para passar em um concurso e garantir “estabilidade”, pois já sonhavam em nada fazer. Hoje, sem fazer nada para mudar, passam o dia inteiro falando mal das empresas onde trabalham.
Viva o carioca gente boa! Viva a falta de cidadania! Salve o resmungão imbecil!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Oh, Jeffrey! (2)


“Quando exatamente você tira as meias, cara? Vá por mim: tire-as assim que tirar os sapatos e antes de tirar a calça. Esse aí é o momento propício. Se você perder a oportunidade, quando for ver, está pelado de meia. Nenhuma mulher que se dê o respeito vai querer dar para um cara pelado de meia.”

“Cara, que alucinante ser lésbica, já pensou? Usufruir de todas as vantagens de ser homem, só que com genitais menos constrangedoras.”

“Quando era pequeno, eu esfregava um pedaço de papel na cara depois de ter escrito a palavra ‘pelada’ umas cem vezes.”


Jeff Murdock

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pra você




Ela é puro id: sensibilidade em ebulição.

Seus olhos sempre atentos parecem dois faróis brilhantes, ou talvez duas lentes capturando tudo ao seu redor.

Ela não conhece o que é comum. Já cruzou a linha e sempre volta, sempre elegante, linda.

Deve causar um enorme mal-estar entre as pessoas mornas, que evitam o calor da areia e preferem sentar-se na toalha. Ela, no entanto, é a praia completa: desde a areia escaldante ao oceano agitando-se em um turbilhão, levando e trazendo os surfistas que se aventuram em suas idéias, emoções, poesias.

Poetiza, cantora, contadora, encantadora... mulher.

Impossível ignorar sua presença. Difícil não ser envolvido em seu encanto.

Luz. Lúdica. Luminosa. Lunar. Lúcida. Lu.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Êta, mundo cão!


Na infância, um cara testemunha o estupro de um companheirinho e não faz nada para impedir o ato; mais tarde descobre que o moleque era seu irmão. Na idade adulta, depois de um longo afastamento, fica sabendo que o infeliz estuprado já morreu e que deixou um filho – seu sobrinho – num orfanato.

Cara, todo esse cenário está muito longe de meu conceito de entretenimento. Não sei como, mas acabei criando um vínculo de diversão com livros e filmes. Gosto de assistir a um filme que me tire da realidade. Adoro ler um livro que faça o mesmo. Jamais compraria um livro ou alugaria um filme com a certeza de que o conteúdo me faria chorar ou causaria qualquer mal-estar. Dou conta de meus ímpetos sado-masoquistas na academia, de onde saio me sentindo bem e não com um nó na garganta. Fico meio sem-graça quando alguém começa a falar com muito entusiasmo sobre um livro cujo teor é tão deprimente. Dá vontade de mandar o cara malhar. 

Etílico


Lá, o mundo se desmorona, com as ações despencando; aqui, eu perco o controle das minhas. Entro em modo automático e vou pairando no universo. Pairo e piro. A função reguladora, que envia todos os comandos de lei e ordem, entra em estágio de latência. Digo o que penso. Expresso. Beijo. Abraço. Experimento um diferente universo de sensações, trocas, música, sorrisos, dança. As sinapses, que já não funcionam ordenadamente, passam a se comportar feito um curto-circuito. Ora sinto-me extremamente alerta, ora sou tomado por um completo torpor. Ainda não entendendo como o corpo vai. Só sei que ele vai. Desloca-se.
No dia seguinte, renasço. Quando não me viro do avesso, embolo-me e viajo em mim mesmo. Repenso. Revejo. Re-avalio. O final da noite volta-me à tela mental em forma de flashes. Rápidos. Distorcidos. Retorcidos. A viagem mudou sua essência desde quando deixei os vinte e poucos para trás. Daqui a pouco terei de abandoná-la, pois temo que o curto-circuito alcance um estado irreversível. Aqui, a história é bem diferente da bolsa. Aqui o pacote é outro.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Historiador contratado por Ronald


"Eram jovens capitalistas que, longe de desenvolver uma cultura jovem, exploraram os jovens promovendo uma cultura de adoração cega dos admiradores, vozerio insensato e consumismo passivo entre os adolescentes."
David Fowler, historiador, sobre os Beatles e os Rolling Stones - Universidade de Cambridge

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sexo Seguro


"Faça sexo seguro: segure no meu sexo"
"Faça sexo seguro: transe com um segurança"

Frases de pára-choque de caminhão

Sobre a Crise Norte-Americana


"Todo galo tem seu dia de canja"
José Simão

Parece que foi ontem

Alyson Moyet encantou muito com suas canções nos anos oitenta. Sua voz poderosa associada ao trabalho do ex-Depeche Mode, ex-Erasure Vince Clarke resultou em um trabalho inesquecível (Yazoo). Nobody's Diary marcou época e aqui no Brasil a canção foi incluída na trilha sonora internacional da novela Guerra dos Sexos. Gostei muito de descobrir este vídeo e de relembrar a canção. 

H E L P ! ! !


Ah, essa agora, Ronald! Que audácia, usar a minha banda para vender hambúrgueres. Caso não tenha se dado conta ainda, minha banda sempre foi um ícone de saúde. Enquanto estivemos juntos, mantivemo-nos no compromisso de vender uma atitude a ser seguida pelos jovens de todo o mundo. Éramos todos saudáveis. Amarelo só o submarino, que jamais afundou.

Não me venha com essa palhaçada agora de usar nossa imagem para vender frituras, muito menos carne de boi. Fico verde de raiva. Meu negócio é verdura. Legume mesmo. Não acho nem um pouco legal associar a nossa imagem à sua. Imagine se eu teria essa cara de bebê com a idade que tenho se não fosse pela vida saudável que levo. Vamos então combinar: esqueça que existimos. Enfie esse nariz vermelho em outro lugar. Faça uma parceria com o Bozo. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Oh, Jeffrey!


Não há nada que a raça humana admire mais do que uma bunda. Gostamos das nossas e das dos outros. Adoramos ver uma bunda na capa de uma revista. Nem bunda de bebê escapa. Quando estamos sós, curtimos dar uma coçadinha na bunda. Perto de uma fogueira ou de uma lareira, gostamos de aquecê-la. E quem entre nós em um momento solitário nunca enfiou a mão lá, discretamente, para dar uma acariciada? Adoramos nossas próprias bundas. Quando Deus nos deu o traseiro, decidiu colocá-lo do lado de trás para que não passássemos o dia inteiro sentados, olhando para ele. Pois quando Deus criou a bunda, Ele não disse: ‘Eis então mais uma dobra. Por hoje é só’. Ele disse: ‘Olhem para isso, anjos dos céus: acabo de criar a bunda. Por toda a eternidade, homens e mulheres agarrar-se-ão a ela e gritarão meu nome’.” 

Jeff Murdock

Esta não pára de tocar na minha cabeça hoje

Antes só do que mal acompanhado


Mais uma trama que se encerra. Foi difícil chegar ao fim. Dessa vez, entretanto, percebi que o fim não foi adiado. Pelo contrário: jamais sonhei tanto com uma conclusão. Já não agüentava mais. Não me fez bem. Má companhia. Complexa demais. Cruel. Enfadonha. Vaidosa em essência. É muito ruim quando se tem o compromisso de se dizer coisas belas, em estruturas milimetricamente calculadas. Perde-se a espontaneidade.  Acho que foi isso. Logo eu, que aprecio a simplicidade das coisas! Como demorou chegar ao fim. Sinto um alívio dos diabos. Meu espírito, mais leve, encontra-se em festa.

Em geral, quando chego ao fim, sinto-me vazio. Dá um oco na alma, não sei. O que sinto agora, porém, é muito diferente. Eu me livrei de um fardo. Foi pesado demais tentar penetrar em seu universo tão hostil, quase árido. Doía-me os dedos ao tocar-lhe a superfície. Não posso negar que em algum ponto, de alguma forma, em alguma intensidade, nossos universos se tocaram. Houve choques e atritos, mas em alguns momentos aprendi alguma coisa. Algo se cauterizou aqui dentro. Só que jamais sentirei falta de sua companhia, insisto.

Inclino-me para trás na cadeira da estação de trabalho, respiro fundo, solto todo o ar, inspiro um pouco novamente e exclamo, aliviado: “Vai tarde, livro chato dos infernos!”   

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Hollywood é Aqui







Almirante Barroso, centro do Rio. 12:45. Sexta, 3 de outubro de 2008.
Um táxi em chamas libera um nuvem de fumaça negra.
Vários param para filmar e fotografar com seus celulares.
Alguns exclamam: “Essa p#%* vai explodir!”
Ouvem-se risos discretos quando um policial de boa vontade aparece com uma mangueira que esguicha um quantidade ridícula de água.
A segunda tentativa dá certo.
O corpo de bombeiros chega logo em seguida.
Ninguém pergunta sobre a causa daquilo.
Ninguém quer saber se alguém morreu.
Muitos querem filmar.
Diversos querem fotografar.
Almirante Barroso. Hollywood por um dia.

Perigo Sobre Duas Rodas


A coisa tinha sido feia. Eram nove e meia da manhã quando esborrachou-se no asfalto quente. A moto foi parar no inferno. Ao colidir no chão, explodiu, formando uma poça de sangue e gordura. Mais gordura do que sangue. Sobrara apenas a cabeça no capacete pra contar história. Qual seria a sua história? Aonde ia com tanta pressa? Como conseguia equilibra-se na moto? Quem sentiria sua falta?
O povo, reunido ali em volta daquela coisa amorfa, estava em transe, chocado, sem palavras. A cabeça no interior do capacete, com os olhos esbugalhados, era o único elemento humano da cena.
No chão, a gosma começava a fritar. Uma dúzia de paezinhos de queijo. 500 ml de Nescau. Três pés-de-moleque. Uma paçoca. Um Sonho de Valsa. Dois sanduíches de mortadela. E ainda não eram nem dez horas da manhã...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

não me mandem cores: O Poder das Palavras Bem Utilizadas


Sou facilmente seduzido pelas palavras, sobretudo quando bem organizadas, de maneira elegante, bacana, quer estejam escritas ou sejam verbalizadas. Impressiono-me com o que ouço e leio, desde que siga esse padrão de organização, síntese e elegância.
Blogueiro que sou, passeio por alguns dos blogs que considero mais elegantes, intrigantes, bem-humorados, sacados... O contato com outras idéias me renova.
Ontem, como de costume, na esperança de arejar a cabeça e dar um tempo na tradução, dei uma passada no blog “não me mandem cores” (www.naomemandemcores.blogspot.com) que, apesar do nome, sempre me traz novos matizes e tons aos pensamentos e às idéias. Dei logo de cara com uma história simplesmente fascinante: Hotel La Guardia. Fazia tempo que eu não lia algo tão interessante, tão obscuro, tão cinematográfico. Heitor conseguiu tecer uma trama tão bem sacada, tão imprevisível e horripilante, que acabei sonhando com a história.
Conto bom é assim: consegue nos transportar para as linhas e das linhas para o espírito da narrativa. Eis o meu conceito de narrativa de qualidade: uma que permite que se abra um canal entre o leitor e a obra, tal que por um momento estabeleça-se uma confusão de papéis: ora sou leitor, ora autor. Não consigo me prender a nenhuma leitura que tenha sido claramente elaborada como passarela para um show de vaidades lingüísticas. Não é a complexidade ou a sofisticação da seleção vocabular que me atrai, mas a inteligência com a qual se faz o registro. Tenho a impressão de que o Heitor está por dentro deste conceito de sofisticação.
A história me fez pensar sobre os extremos a que pode-se chegar para ter-se alguém; como a posse física norteia nossas relações, em menores e maiores graus. O amor, como constructo, revela-se individual, narcisista e egoísta.
Em meu sonho, passei pelo corredor estreito ao lado da recepção abandonada e presenciei a cena do quarto. Estranhamente, a minha criação pôs o senhor besouro escondido atrás da porta, também observando, alimentando seu voyeurismo. Não cheguei a entrar, sequer vi o senhor besouro de fato – acho que meu inconsciente evitou aquela figura estranha, com cheiro de mofo. Bastou saber de sua presença ali.
Acho que isso dá um excelente filme. Espero ler mais coisas desse gênero! Show de bola.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Se não tem mais Carlton Cinza, que fumem Cobain!



Era só o que me faltava: fiquei sabendo que a artista Natascha Stellmach está decidida a fumar as cinzas de Kurt Cobain no dia 11 de outubro. Diz que com isso pretende libertar o espírito do cantor, atormentado pela mídia. Acho que na verdade ela deseja fazer o que não fez antes: fumá-lo mesmo. E que história é essa de espírito atormentado pela mídia??? É cada uma que me inventam... Sei não, mas isso tá cheirando a espírito de porco. O que o povo não faz para ser atormentado pela mídia!

Prioridades




A poeira vai se espalhando, invadindo todo o espaço...
Não há tempo hábil de combatê-la.
Pouco tempo há para coisas mais importantes.
Mas, o que seria tão importante?
Nada é tão importante.
Peraí... não é bem assim.
Amar é importante.
Trabalhar, também.
Trepar.
Pagar as contas.
Malhar.
Mas o dia só tem 18 horas.
Sim, porque dormir é igualmente importante.
O trabalho consome grande parte das dezoito horas...
A trepada ocupa grande parte do espaço mental, muito mais do que a esfera do real.
E aí? E a poeira, malandro?
Pior que não é só a poeira.
É o limo. Os rejuntes precisam ser limpos.
As teias. Como chateiam! Dão no saco. O saco! Tem que aparar esse troço.
Por que saio espalhando as coisas pelo apê? Passo um tempão procurando onde enfiei isso ou aquilo...
Ligo pro meu celular umas três vezes ao dia. Peraí. O som tá vindo do banheiro.
Caraca, por que levei essa porcaria pro banheiro? Por acaso aguardava a ligação de Dom Cocô? Ou, quem sabe, da Marquesa de Peidolândia, ameaçando guerra contra o Marquês de Luftal?
A máquina quebrou. Tem que levar a trouxa para a lavanderia. Onde vou arrumar tempo?
Ah, tempo, dá um tempo! Como você faz falta! Não me deixe na mão, cara.
As teias estão aí. Os pentelhos pentelham. Os prazos se esgotaram. Preciso de grana.
E a poeira se espalha.

Felicidade


Ela anda feliz ultimamente. Diz que vai colocar implantes. Os dentários estão completos. Agora faltam os dos seios e das nádegas. Tem que ser um de cada vez. Se colocar os dois ao mesmo tempo, não vai ter posição pra dormir: nem de costas nem de bruços.
Hoje de manhã tirei uma foto dela sorrindo. Tive que registrar essa felicidade, pois no sábado que vem, depois do Botox e da proteína labial, não vai dar mais pra saber se ela está sorrindo. Mas seus olhos estarão brilhando de felicidade. Tomara que ela não coloque as lentes azuis. Já garantiu que vai marcar salão na sexta que vem pra ver o tom que melhor combina com as lentes. Marcou almoço com as amigas no domingo. Passará pelo crivo de Alicia e de Carol, exigentes ao extremo. Carol indicou o cirurgião, Alicia, o salão.
Ando inseguro com tudo isso. Tenho medo de perdê-la. Ontem sonhei que ela estava me traindo com o Falcon. No sonho, peguei os dois no maior amasso. Quando cheguei mais perto, não era o Falcon; era o Max Steel...

Bem-vindo, outubro.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Anglicismos que dão no saco (Oh, man! They sure break my balls!)


Ana, por favor, não me mande scrap; deixe-me um recado...
Vitor, por favor, decida o que você é: estilista, projetista, desenhista, decorador... é que designer pouco explica qualquer coisa.
Marcelo, pare de chamar o cara de loser. Acho que otário e idiota são palavras que expressam muito bem o que esse imbecil é de fato.
Lucas, meu caro, deadline é o cacete! Eu continuo cumprindo prazos.
Edu, cara, gerente de projeto não é inferior a um project manager; na verdade é a mesma coisa, sem ter que enrolar a língua e sem correr o risco de pronunciar errado!
Pedrão, que história é essa de front line, cara??? É difícil pronunciar “d.e. f.r.e.n.t.e.”? Ou quem sabe “l.i.n.h.a d.e f.r.e.n.t.e”?
Roberto, toma vergonha, cara! Brifar é o *#@&*#! Me passe uma síntese do projeto que eu tenho certeza de que entenderei, mané!
Se a coisa continuar assim, o destino de todos vocês é morar na Barra da Tijuca! Ocean front, é claro!

Efemeridade


É tudo provisório. Definitiva só a certeza de que somos provisórios. Nossas verdades de hoje amanhã esfarelam-se feito biscoito de água e sal pisoteado. Patético como já me levei a sério um dia...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Outubro!


A primeira vez que ouvi My October Symphony (Pet Shop Boys- Behaviour/1990) eu estava trabalhando em Blumenau. Fiquei logo impressionado com a qualidade dos arranjos e com a inteligência da letra. Comprei o cassete (risos) e não parava de escutar o álbum no quarto do hotel, mas a primeira música do lado B era simplesmente incrível. Dificilmente eu não repetia.
Até hoje eu me arrepio ao ouvi-la. Ainda acho Behaviour um dos melhores álbuns da dupla.
My October é uma espécie de ode às avessas à Revolução Russa. Nela, Neil Tennant expressa sua solidariedade e admiração pelos russos. Ontem, uma revolução; hoje, revelação.
A música é cheia de cores, sensações e imagens. E um quarteto de cordas!!!! Dá vontade de se teletransportar para o Hermitage, comer strogonoff, ler sobre os Romanov, Stalin, e qualquer coisa sobre a Rússia. Coincidentemente, eu estava em Blumenau em outubro. Momento de transição na minha vida. O auge do dia era me encontrar com a rapaziada no bar e encher a cara. Mais outubro e russo que isso, impossível. (Tudo, é claro, com um toque alemão). Só faltaram as folhas caindo das árvores – afinal, o outono já tinha passado havia meses.
Não sei onde foi parar o cassete (risos), mas o CD, que comprei anos depois, está sempre perto do som.

Tudo pelo melhor amigo


Hoje não quero usar cueca. Não sei por quê, mas acordei assim. Tô tentando me lembrar de algum sonho na noite passada, pra ver se há alguma relação... Acho que não. Acho que dormi de bruços e acabei sufocando o pinto. Sei lá. O garoto amanheceu querendo encrenca. Quer liberdade. Quer respirar. Há muito que ele só se mete em aperto. Uma noite é o látex que o sufoca; a outra, o peso do corpo que o espreme contra o colchão. Acho melhor não contrariá-lo ou corro o risco de passar o dia com o inimigo.
Pior se ele decidir ser meu inimigo à noite e nem olhar pra cima quando eu chamá-lo. Deus me livre. Ah, não custa nada passar o dia sem cueca.
...E se ele decidir ser meu inimigo de dia e olhar pra cima sem ser chamado?? Em hora inapropriada?! Agora fiquei na dúvida. Pra que afinal serve a cueca? Pra manter o cara focado, com a cabeça no lugar? Focado ou sufocado? Ih, rapá... Negócio cabuloso... Melhor voltar pra cama e dormir mais um pouco.

Eu diss qkri'um snduixe, pô!


Uma paciente do Dr. Katz disse certa vez que é possível estimar-se há quanto tempo um casal está junto pela simples observação labial. É que segundo ela, no início, o nível de felicidade dos enamorados é tão grande que eles tendem a abrir as bocas mais do que o normal para falar. À medida que o tempo passa, o casal experimenta uma contração muscular que vai subindo do pescoço até a mandíbula, impedindo a total articulação ao proferir qualquer coisa. Ela contou ainda que os pais estavam casados havia tantos anos que eles já não usavam talheres para comer: usavam canudinhos!

Se liga, maluco!


É, mané... deve haver algo errado quando ela passa o sábado inteiro ocupada com um projeto do trabalho e, quando finalmente vocês se sentam para ver um filme, ela dorme.
Deve haver algo errado quando ela passa horas ansiosa, com a cabeça no trabalho, tensa, mas olha para um cara “bacaninha” no restaurante.
Deve haver algo errado quando ela acha defeito em todos os lugares aonde vocês vão...
Se liga, pois o prazo de validade pode estar expirando...

domingo, 28 de setembro de 2008

Somos todos ovelhas!


Se tem uma coisa que adoro é quando alguém brilhantemente desmascara figurinhas tidas como ídolos, mas que não me convencem. Em Como a Picaretagem Conquistou o Mundo (Record), Francis Wheen consegue mostrar que nem tudo que reluz é ouro e joga a M no ventilador. Ninguém consegue escapar de sua visão ácida e crítica, sobretudo duas figurinhas que para mim nunca cheiraram bem: Princesa Diana e Madre Tereza de Calcutá (essa última também desmascarada por Tracy Kidder em um trecho de Mountais Beyond Mountains).

Para manter a forma


Fiquei impressionado com o que aprendi com o livro Ultra-metabolismo de Mark Hyman (Sextante). O programa de desintoxicação proposto é factível e funciona mesmo. Testei e me senti renovado. Acabei de dar de presente para um amigo que quer perder peso.

Um brasileiro mete a boca no trombone



Chorei de rir com Confissões de um Engraxate em Wall Street (Rocco). Doug Stumpf conta as histórias do brasileiro Murilo dos Santos que no livro é chamado de Gil. O livro é intrigante, engraçado, polêmico e garantia de entretenimento.

Pra lá das montanhas





Em seu livro Montains Beyond Mountais (Random House), Tracy Kidder, ganhador do Pulitzer, narra as aventuras e desventuras do Dr. Paul Edward Farmer, um médico norte-americano apaixonado pelos pobres e excluídos, que decide viver no Haiti. Em sua jornada para combater a tuberculose multi-resistente e a AIDS, Dr. Farmer passa por grandes provas que o ensinam que a medicina vai muito além da preocupação com o próximo, e envolve diversos interesses econômicos e políticos. Mas Paul não se deixa abater e vai muito além das montanhas do Haiti.









A Longa Descida (1999)


Eu tinha passado aquela tarde inteira preso no escritório lá no 14º andar da Almirante Barroso, 22. Dois mil e novecentos planos, uma dezena de afazeres, trocas de idéias com o Paulo, com o Alex, Márcio, Andréia e Shirley, que Deus a tenha. O intervalo para o almoço tinha sido breve, mas saudável, cheio de legumes, verduras... Coisa de deixar qualquer mãe orgulhosa. Fomos em um pé e voltamos noutro. Coisa de meia hora. Coisa de gente muito jovem mesmo.
A aula com o Falcão começava às seis. Olhei para o relógio. Putz! Cinco e quarenta e cinco! Eu tinha que esperar pelo elevador, que àquela hora pararia de andar em andar. Uma vez lá embaixo, teria ainda que cruzar todo o Largo da Carioca em direção à Rua da Assembléia. Ferrou.
Juntei a bagulhada e me mandei para o corredor, onde esperaria pelo elevador. O safado chegou rapidinho, já lotado. Deu pra eu me espremer entre o povo. Ufa!
Foi aí que a salada de repolho começou a por em prática suas intenções malévolas, dando o ar da graça. Só que o ar era o que eu menos desejava que despontasse ali naquele momento. Além de me espremer entre o povo, tive de espremer a bunda pra não incomodar o povo. Senti o suor frio escorrendo pela testa. Mais dez andares e o sufoco acaba. Mais uma espremida. Só que não deu. O repolho deu o ar da graça. A sorte foi que o desgraçado chegou silencioso. Entretanto, o que subiu pelo ar do pequeno elevador descendente foi algo que me fez pensar: “Não agüento comigo!” O que diria então a pobre da velhinha arqueada que estava atrás de mim? Não demorou muito para todos saberem o que ela diria. Jamais esquecerei daquela voz sofrida, resmungando: “Meu Deus, que diabo!”
A pedido da velhinha e de mais duas pessoas, o ascensorista parou no nono. Vários saltaram. Eu, querendo rir, chorar e esconder a cara, permaneci ali, firme e forte. Nunca mais como repolho na rua.

domingo, 21 de setembro de 2008


Morrisey, the drama queen

O Morrisey ainda é uma incógnita para mim. Suas músicas acompanharam minha adolescência e até hoje tenho uma curiosidade: será que suas letras retratam experiências e sensações vividas de fato? Cara, que vida rica em emoções a desse malandro! Como é que ele conseguiu sobreviver a tanto drama? O maluco compõe tão bem, que chega a ser convincente. Às vezes acho que é tudo criação de uma mente prolífica. Bem, fato ou boato, para mim o certo é que suas canções são irresistíveis e ao mesmo tempo sinistras.



Friday I’m in love.

Vivo para o findi. De fato, o final de semana exerce um poder alucinógeno sobre mim. É indescritível. E curioso é perceber como a vibração de sua chegada mexe comigo. Hoje, por exemplo, é quinta-feira, são 22:30 e estou que não agüento mais. Tô louco pra cair na cama. Que dia longo. Que semana agitada. Pareço ter que buscar energia da alma para continuar. Só que amanhã, invariavelmente, acordarei com uma disposição fenomenal, algo que não aconteceu hoje.

domingo, 24 de agosto de 2008

No Abaeté da Princesinha do Mar




Quando pequeno, lá em Salvador, eu tinha a ilusão de que a qualquer momento eu poderia me esbarrar com um artista famoso, desses de vogais arreganhadas. Fantasiava a Gal passeando pelo Pelourinho numa manhã de domingo. Ou, quem sabe, o Caetano, numa tarde de sábado, fazendo compras no Mercado Modelo. A primeira vez que fui à Praça Cairu, vi um cara muito parecido com o Gil, mas logo descobri que era mais um entre tantos sósias do artista.
Ao receber a notícia da morte do grande poeta Caymmi, fiquei duplamente chocado: pela perda e pela perda. A perda de um grande artista e a perda da ilusão de que o pachorrento passava suas tardes numa rede de frente para o Abaeté. Porra nenhuma! Havia mais de quarenta anos que o bonachão se mudara para o Rio e daqui jamais arredou o pé.
Fiquei pensando na esquisitice da situação: “perái”: não seria mais natural que o povo baiano velasse por Caymmi? Quer dizer que o grande poeta baiano foi plantado para sempre no São João Batista?! Pára tudo. “Alguma coisa está fora da ordem”, como diria o Caetano. Tô com uma sensação estranha. Agora, sempre que penso no Caymmi cantando as belezas da Bahia e das baianas, imediatamente me vem aquela frase: VÁ AO TEATRO, MAS NÃO ME LEVE! E outra coisa que me vem à cabeça é a idéia de que no fundo, todo brasileiro tem a ambição de ser carioca ou paulista.
Vá com Deus, poeta. Abraços no Tom Jobim! Já sei até o que você dirá ao chegar lá: “Tom, o Rio continua lindo!” E sei que você dirá isso de cÓração!

domingo, 10 de agosto de 2008

Sexo, traição e milkshake

“-Alô, Pedro?
- Isso.
- Oi, é a Patrícia.
- Patrícia, minha gata, o que tá pegando? Você sumiu! Agora que a relação tava ficando mais gostosa...
- Pedro, tenho uma coisa pra te contar. Acho melhor você fazer um exame de sangue.
- Como assim? O que houve? Você tá doente?
- Olha só, não é nada grave, mas acho melhor você se cuidar. Hoje descobri que estou com clamídia.
- Que diabos é isso?
- Não sei explicar. Só sei que se você não cuidar, vai arder muito a sua uretra quando você for urinar.
- Ishi! E como você pegou isso?
- Não sei, gatinho. Acho que foi com meu marido. Ele deve ter pego com alguma vagabunda. Depois a gente se fala melhor. Vê se te cuida. Beijo.”




Não creio que a fidelidade faça parte do projeto básico da natureza humana. Acho que todas os dias faço uma opção por ficar com minha gata. É a única gata nesta cidade? Claro que não. Entretanto, é a gata com quem durmo. É a gata que deixa seu cheirinho na minha cama. É como ir ao Bob’s e pedir um Ovomaltine e de repente ver alguém passando com um shake de morango, que também é uma delícia. Fudeu. Tarde demais. Já paguei pelos 250 ml de Ovomaltine e não dá pra tomar os dois só porque são deliciosos. Se eu tomar os dois, o resultado não pode ser dos melhores: excesso de calorias, estômago alto, taxa de glicose elevada... Não posso deixar de admitir que o shake de morango é maravilhoso, só que muito obrigado, já paguei pelo Ovomaltine. Deixa pra próxima.
Acho essa história de amante extremamente cafona. Uma volta, pelo túnel do tempo, aos anos oitenta. Na época devia ser gostoso ter segredinhos idiotas, receber telefonemas escusos, sinais criptográficos... acho que a galera brincava de 007, sei lá. Acho mais moderno ser um cara livre. Ainda mais hoje em dia, quando alguns casais vivem relações abertas. É muito mais honesto, mais bacana. Porém, já percebi algumas pessoas se contorcendo quando eu disse que não traio. Parece que a fidelidade é um assunto muito mais delicado do que a infidelidade. Parece que o clube dos infiéis é tão numeroso em sócios que quando alguém se mostra contrário à prática, é taxado de hipócrita ou, como ouvi ontem de um grande amigo, “pretensioso”. Pois é. Tenho de fato a pretensão de me satisfazer com um Ovomaltine até a última gota e esperar uma próxima oportunidade para, quem sabe, tomar um shake de morango. Nada, entretanto, me impede de admirar e admitir a delícia do vermelhinho enquanto me delicio com o marronzinho. E a grande vantagem disso tudo: sem calorias em excesso, sem dores de cabeça, dores na consciência...

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Valeu, pai!

Rapaz, hoje assim, do nada, eu me lembrei da primeira vez que você me deu a mão para atravessar a rua. Com o rosto vermelho feito um pimentão, obedeci e paguei aquele mico. Bem em frente à escola. ‘Fala sério!’, pensei. Um tempo depois, você virou para mim e disse que era para eu olhar atentamente para um lado e para o outro, e dessa vez não me deu a mão. Comecei então a atravessar sem a sua ajuda. Essa foi apenas uma dentre as várias conquistas que fui alcançando a partir de sua orientação preocupada, sincera e terna.
Daí eu me lembrei do dia em que a professora me chamou para resolver aquela equação no quadro, pela segunda vez. A primeira tinha sido aquele desastre, mas você pegou no meu pé e passou o final de semana inteiro estudando comigo. A segunda, tirei de letra. Molinho! Com todo o orgulho, virei para a professora e disse:
- Foi meu pai que me ensinou.
E agora, vejo que não foi só eu quem pagou mico ou fez sacrifícios. Afinal, quem era a figura que colocava aquela fantasia vermelha, carregando um saco ridículo no Natal? Hoje entendo o brilho nos olhos do falso velhinho ao ver o meu rosto radiante.
E quem não conseguia assistir ao Globo Esporte até o fim? Eu, que havia adormecido ali no seu peito, acordava com a cabeça no travesseiro ao som do pa pa pa pa pa pa pa... Já não sentia mais o calor do seu peito que embalava o meu sono. Afinal, você tinha que voltar para o trabalho. Do contrário, o velhinho do saco não conseguiria me dar aquela bicicleta tão sonhada.
Como posso lhe agradecer por tanto, meu pai, meu companheiro, meu melhor amigo? Sabe, às vezes dá saudade de ter a sua mão para atravessar a rua. Caramba, como é bom ter alguém que nos guie como você me guiou! Volta e meia eu bem que gostaria de ter você pegando na minha mão ou no meu pé. Só que eu cresci, cara! Não tem cabimento! (Coisa nenhuma! É tudo pose!).
É muito bom ser filho. Melhor ainda, foi maravilhoso ser seu filho. Valeu, pai! Você foi dez!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

A Química da Felicidade



Cinco e meia. O toque de alvorada é precedido pela vibração arrepiante do plástico sobre a madeira. Êta mundo moderno do cacete. Já faz muito tempo que não vejo um relógio despertador, daqueles que aparecem nos desenhos animados. Aperto o botão no pequeno aparelho que passa grudado em mim o dia inteiro e o levo para o banheiro comigo. O desgraçado já está contando o número de passos que dou. No visor, o desenho de dois pezinhos ao lado de um número que é zerado imprescindivelmente à 0:00. Quando o desgraçado zerou da última vez, eu ainda estava tentando dormir. Tentava me esquecer do que insiste em ocupar meu campo mental. As contas. O trabalho. O mundo de coisas que preciso estudar. Amores de ontem, lembranças de hoje. Meu amor de hoje, gratificações imediatas.
Tenho apenas 20 minutos para escovar os dentes, ajeitar o freqüencímetro no tórax, colocar a camiseta, o short, o tênis, correr pra cozinha – 46 passos. A cozinha transformei num laboratório. Abandonei o liquidificador e agora uso um squeeze com um mixer. O dia mal começou e já estou viajando em órbitas bilíngües. Bato o dilatador, o Super Pump, engulo com dois D4 Thermal shock, que me deixam em um estado como se eu tivesse cheirado duas carreiras. Lavo o squeeze. Bato o Whey Protein, que bebo acompanhado por uma banana. Os aminoácidos! Cara, não posso esquecer de colocar os aminoácidos na mochila. Pronto. Cinco e cinqüenta. E toco pra academia. Tenho dez minutos pra chegar lá. Minha área foi abençoada, cercada por academias sorumbáticas, sucateadas, com instrutores gordos e lentos. Neurótico que sou, busquei qualidade e encontrei. No bairro próximo. Quatorze minutos a pé. Dez, correndo. E enquanto corro, eu me pergunto: “Que diabo é isso? Por que estou fazendo esse troço?” Vinte e cinco passos depois, lembro-me da última vez em que tirei a camisa e disse a mim mesmo que aquilo não podia ficar assim. “Putz, é mesmo!” Lembro-me então da primeira vez, um ano depois de dar início ao ritual, em que transei de luz acesa. Não tem preço. Os batimentos aceleram. Pena que o relógio está na mochila. Afinal, isto aqui é Rio de Janeiro. Acordo. Acelero a corrida. Sorrio. O vento meio gelado da madrugada já não me incomoda. O que importa é minha tranqüilidade, meu conforto. Os minutos, os passos, os batimentos, todos eles se encontram para formar uma equação meio que sem pé nem cabeça. Ah, como eu gostaria de ser dono dos meus desejos.




Só agora, ao me aproximar dos trinta e sete, é que eu me dou conta da importância da química cerebral sobre meus julgamentos, a forma com que vejo o mundo e enfrento as situações. Creio que não seja de causar espanto, uma vez que somente agora sinto os níveis das inas e onas despencarem ladeira abaixo. Obviamente, aos vinte e sete, ainda desfrutando de uma enxurrada de testosterona na corrente, não precisava recrutar coragem para quase nada. Era tudo lindo. Eram todos muito maneiros. O céu, mais azul. O Lula, uma esperança. Não que eu me sinta pra baixo, triste. Não sou depressivo, acho. Entretanto, ao sair da academia, após ter contraído vários grupamentos musculares e disparado uma boa dose de testosterona e endorfina na veia, volto pra casa sentindo uma felicidade inebriante. Meu cérebro volta no tempo e experimenta sensações... orgásticas. Então deve ser isso... Abandonei a nicotina e me entreguei à endorfina, à serotonina, à testosterona. Estou viciado. Vivemos num mundo lindo, cara! As contas, pago amanhã. Vai dar tudo certo. Ainda estou com um percentual de gordura abaixo de dez. A serotonina, acima de 100. Tem um cara lá na academia, um vascaíno puro músculo, que ri de qualquer comentário que ouve. “O Vasco tá na zona de rebaixamento” “kkkkkkkk. O Dinamite tá mais pra bomba do que outra coisa” Ri, e continua bombando os bíceps. Dez segundos depois, ele pára e comenta: “Tá foda, cara”. A melancolia do comentário não consegue ofuscar o brilho em seus olhos. Fico imaginando como seria se alguém dissesse: “Aí, brother: sua mãe morreu.” Acho que ele responderia: “kkkkkkk. Tá vendo? Eu mandei a velha malhar. Ela não deu ouvidos”. E dez segundos depois: “Pô, que merda, cara”.
Lembro-me do meu avô, aos 85, resmungando pelos cantos. E de minha avó, sofrida, dizendo: “Querido, você não era assim”. Pois é, vó: faltou contração. Desenvolvimento com rotação. Supino reto. Agachamento. Levantamento Terra. Salve a reposição hormonal!