quinta-feira, 30 de abril de 2009

180 graus

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Ontem retornei
Sem, entretanto, ter voltado
Tentei, mas não me desprendi
Fiquei ali, remoendo
Pensando
Tentando encontrar a lógica ou o equívoco
Sei apenas e simplesmente que retornei
Revisitarei este quadro, esta pintura, esta foto
Muitas outras vezes
Como sempre revisito desde 1996
O caminho já é há muito conhecido meu
Só o que muda é a cor das paredes
Ou talvez este quadro, esta pintura, esta foto
Ganhem novos tons com os anos
Ou com os anos envelheçam seus tons
Pastéis a cada minuto
Caldo que não é de cana, mas que dá
Dá muito. Dá muito o que pensar.

Meu Voo de Asa Delta

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ponto parágrafo: o primo bacana do Ponto final

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Não existem grandes complicações no que se refere a dar início a um texto. As ideias transbordam, as palavras fluem, criando períodos, construindo parágrafos. Basta uma boa caneca de café ao lado – sou tão viciado na bebida que a xícara não consegue dar conta –, uma fagulha na cabeça e, é claro, estado de espírito propício para a atividade de elaboração textual, e os dedos vão tocando nas teclas, sapateando como o Astaire.
Eis então que surge um problema. Lá pela metade do texto, quando a ereção ainda está de bom tamanho, isto é, satisfatória, já começo a pensar no gozo. Sim, porque o gozo é sempre o objetivo. Passo a me perguntar: onde é que isso vai dar?
Como de costume, levanto-me da cadeira, dou uma volta pelo corredor, vou até a cozinha, visito o banheiro, de vez em quando dreno as linfas e retorno ao computador.
Fico muito preocupado com o desfecho do texto. Sempre acho que a conclusão tem de estar em sintonia qualitativa com a introdução ou, pelo menos - dado que nem sempre a introdução empolga - com o meio. Penso que o desfecho não pode decepcionar. É como aquelas músicas que acabam em fade. Cristo Rei, como odeio aquele negócio. A impressão que dá é que faltou criatividade, faltaram as notas para encerrar a canção e alguém no estúdio resolveu ir baixando o volume lentamente. Não quero fade. Quero ouvir a última nota que antecede o silêncio. Não quero que o silêncio venha chegando em doses homeopáticas, em fade. Fade! Fade é o cacete! É como reter o gozo, senti-lo se aproximar de leve e, ao ejacular, ter um prazer meia-boca. Sim, porque o prazer já estava vindo, vindo, vindo, e toda aquela energia que minha mente depositara no grande final foi para o saco, ou melhor, saiu dele. Acabo não aproveitando o processo do gozo devido à ansiedade depositada no final. Fazer o quê? Vai ver minha estrutura psíquica seja essa. Talvez eu não seja o cara do processo, na mais pura acepção do termo.
Conto nos dedos os livros que já li cujos finais foram bem amarrados, redondinhos, sem deixar o leitor chateado. Neste setor, tenho como grande referência o grande William Boyd. Boyd sabe dar um desfecho elegante e – queira perdoar a redundância – conclusivo a suas histórias.
Inclinado à auto-análise como sou, sempre me pergunto de onde surgiu esta minha necessidade de finais arrematados. O mais próximo que já cheguei a qualquer conclusão teve a ver com minha cultura telenovelesca. Quando mais jovem fui um ávido consumidor de novelas. Assistia a todas elas: das seis, das sete, das oito e das dez. Os finais das novelas eram sempre bem engendrados, organizados: bandidos presos, mocinhos se casando, todos os elementos obscuros encontrando a luz dos esclarecimentos. É muito provável, então, que eu tenha trazido para minha experiência literária, como leitor e ocasional produtor de textos, as expectativas que aprendi a manter ao desempenhar meu papel de espectador expectador.
Odeio quando não consigo encerrar um texto. Detesto quando, ao final de um livro, o autor deixa na escuridão alguns elementos e não consegue encontrar um desfecho bacana. E, como não é raro que isso aconteça, estou começando a pensar que no trabalho literário o que menos importa é o gozo do final.
Quem sabe, então, o gozo não esteja no final, mas no meio? Ou quiçá no início? E levanto uma nova dúvida: seria minha dificuldade de encerrar um texto uma forma inconsciente de negar o fim? Acho que vou ficando por aqui.

sábado, 18 de abril de 2009

Rock´n´Rolla!!!!


Ah, como eu gosto de filmes e livros de gangsteres, mafiosos, ladrões e trapaceiros!!
Acabei de assistir a Rock´n´Rolla do Guy Ritchie e fiquei extasiado!! Não vai dar para escrever quaisquer comentários sobre o filme sem pontos de exclamação!!
A trama é muito bem bolada, cheia de cenas engraçadas, muita ação e piadas elegantes! Elegantes como os ternos dos caras!
Achei curioso identificar alguns elementos muitíssimo parecidos com os do romance The Wheel Man de Duane Swierczynski, ambientado na Filadélfia. Arrisco dizer que Ritchie bebeu dessa fonte. Com direito, inclusive, a um quase homônimo. Em The Wheel Man, o protagonista chama-se Lennon. Em Rock´n´Rolla, o chefão do crime se chama Lenny.
Destaque para a cena de dança entre a contadora gostosa e o bandido, ao som de Waiting On a Train do Flash & The Pan (que no Brasil, em 1983, foi parar na trilha sonora internacional da novela das seis intitulada Pão Pão Beijo Beijo). O recurso dos balões para ilustrar a conversa entre os dois deu um toque HQ sensacional!!
Este vai para a minha lista dos DVDs para comprar. Nota mil!

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX Minha avaliação:


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O Corcovado Continua Lindo



Não importa como esteja o céu...

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Chova ou faça sol...

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Não importa a estação...

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Qualquer que seja a umidade relativa do ar...

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Ou quantos graus esteja fazendo...

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Tu encantas esta cidade!

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sexta-feira, 17 de abril de 2009

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Como Matar o Chefe





Eis uma antiga obsessão pertinente à fantasia de muitos subalternos: como aniquilar, extinguir, dar cabo do chefe.
Nunca tive um chefe – pelo menos não por muito tempo. Calma! Não dei cabo de nenhum! É que nas poucas empresas onde trabalhei, antes de trilhar o caminho da autonomia, encontrei alguns loucos que, baseados em critérios ainda metafísicos para meu pobre raciocínio, me promoveram a algum cargo de chefia.
Achei um saco chefiar. Respeito quem diz por aí: “Adoro trabalhar com pessoas”, mas tenho outro discurso: “Adoro trabalhar com pessoas bacanas”. E é difícil encontrarem-se muitas delas. “Pessoas bacanas” no âmbito profissional, pelo menos para mim, não quer dizer “amigas”, pois não acho que ninguém deva ir ao trabalho para fazer amigos, mas para trabalhar. No Brasil, é quase obrigatório fazerem-se amigos no trabalho. Só que numa análise mais cuidadosa, observa-se que aqui “fazer amigos” no trabalho é uma forma de escoar a energia psíquica advinda da ansiedade persecutória imposta pela consciência de que não se está fazendo o que deveria. “Amigos” no escritório acabam sendo “Cúmplices”. E ai daquele que cumprir com as funções para a qual é pago. É logo taxado de “esquisito” ou pé-no-saco.
Pessoas bacanas no âmbito profissional são aquelas que não precisam ser lembradas do que foram contratadas para fazer. Pessoas com noção. Que respeitam o tempo dos outros. Raramente se atrasam. Gostam de trabalhar.
Bem, voltando à tal obsessão homicida dirigida ao chefe, imagino que haja duas fontes para tal loucura.
Primeiro, é provável que o poder exerça uma força negativa sobre quem está chefiando, de maneira que o sujeito acabe agindo como um verdadeiro cretino, que tenta tirar vantagens dos outros, explorar as pessoas, desrespeitá-las. Conheci uma chefe assim. Leu direito? Eu disse UMA. Isso mesmo. E pior que a mulher faz isso tudo sorrindo. Só um olhar clínico para perceber que ela é uma cretina, uma déspota esclarecida. Acho que ela ainda não se tocou de que sua grandeza só é visível em empresas pequenas e que um bando de pessoas com baixíssima autoestima a cercam.
Segundo, é possível que o chefe cumpra um papel incômodo de lembrar aos subalternos que eles têm de trabalhar. Simples, não? Daí todos querem vê-lo a sete palmos, pelo menos (acho) metaforicamente.
Estou louco para botar as mãos neste livro – 101 Ways to Kill Your Boss - de Graham Roumieu. Já estou à caça. Sempre achei o ambiente corporativo assim... digamos.... circense. O livro deve ser delicioso. Roumieu é um ilustrador de primeira. Boa sorte aos chefes!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ela



Ela demorou. Nossa, como demorou.
Resolveu pintar o cabelo e fazer um penteado.
Fez as unhas – das mãos e dos pés.
Limpeza de pele.
Tomou uma ducha bem demorada.
Em algumas partes do corpo usou sabonete.
Noutras, um gel de banho com perfume de rosas.
Colocou a calcinha vermelha que comprara no dia anterior.
Passou quinze minutos a se olhar no espelho.
Passou creme em todo o corpo.
Batom nos lábios.
Delineador nos olhos.
Colocou o vestido curtinho de seda vermelho.
Salto alto.
Mais cinco minutos a se olhar no espelho.
Duas borrifadas do melhor perfume.
Salto alto.
Um retoque no cabelo.
E, finalmente, saiu para encontrar seu príncipe.
Ele só queria abraçá-la, beijá-la, amá-la
De frente, de quatro, de lado.
Ah, aquele penteado estava com os minutos contados.

Ele



Ele tomou um banho.
De chuveiro.
Com o sabonete de sempre.
Enxugou-se.
Pôs desodorante. Aerossol.
Checou a cueca. Limpinha e sem nenhum furo.
Jeans.
Meia soquete.
Tênis bacana.
A camisa, passadinha.
Nem usou o sinto de segurança para não amassar.
Chegou ao prédio onde ela morava.
Ligou do celular.
“Só mais cinco minutos, amor”.
Ah, aquela camisa ficaria amarrotada. Muito amarrotada.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Girando

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É... a vida....
Este eterno redemoinho de eventos
Que traz e que leva
Gente, coisas, sensações

Esta vida que me deixa tonto
Com tantos fatos
Com tantas coisas
Com tantos tontos

Tontos como eu
Imbecis como todos
Mas estamos aí
Ou, como andam dizendo,
Estamos juntos

Só Deus sabe onde e quando
Vamos parar
Para pelo menos descansar
Ou quiçá vomitar

Espero eu um dia entender
Parte do mecanismo desta rede
Que gira, rodopia, que traz e que leva
E que me faz rir, amar, odiar e chorar

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Anatomia de uma Amizade Capenga


Ou: A Inveja Sinaliza a Hora de Se Afastar


Ele se apaixonara pela ex namorada do amigo. O amigo lhe dissera que não a aguentava.
Disse que a criatura falava pelos cotovelos. Que dominava as conversas. Não tinha paciência com ela.
O amigo disse ainda que não tinha paciência com ninguém. Não aguentava namorar ninguém.
Ele, mesmo assim, pediu que o amigo não voltasse a procurá-la sexualmente.
O amigo chegou a achar absurdo, e garantiu que não sentia mais nenhuma atração por ela.
Na primeira oportunidade, entretanto, o amigo tentou comê-la.
Foi então que ele percebeu que o amigo o invejava.
O amigo, aliás, invejava tudo e todos. Não queria ver ninguém feliz.
Diagnóstico simples. O amigo odiava a si mesmo. Não aguentava ver a criatura falando, contando suas histórias interessantes. Dominando a conversa por cativar a atenção dos outros. Isso porque ele nada de interessante tinha a dizer. Só se queixava da vida. Nada prestava.
Quem não prestava era ele.
Não tinha paciência com ninguém. Não admitia ir além da trepada. Despachava as mulheres antes que elas vissem quem ele era de fato e o rejeitassem. A rejeição lhe apavorava. Só que ele rejeitava a si mesmo.
E que tamanha curiosidade do amigo agora, uma vez que ela já tinha transado com o outro...
Queria reafirmar-se, validar-se. Queria ver de quem ela mais gostava.
Ele percebeu tamanho desespero do amigo, que se afogava cada dia mais no poço da mediocridade e do vazio de sua vida, e foi à igreja acender uma vela por sua alma perturbada e infeliz. Orou. Deixou a vela acesa e, ao sair da igreja, percebeu que a chama daquela amizade apagara-se para sempre.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Antes que o diabo me carregue


Meu conceito de entretenimento ainda encontra-se atrelado à ideia de diversão. Quando eu me divirto, sinto-me feliz, leve, empolgado. Não é difícil então compreender a direção que o meu corpo toma – sozinho – ao entrar numa vídeo locadora: vou direto à parte de filmes de aventura, ação, policial; às vezes dou umas voltas pelas comédias, sobretudo se houver alguma novidade com Ben Stiller ou Adam Sandler ou ainda o grandioso Jim Carrey.
No último final de semana tive vontade de rever O Demolidor com Ben Affleck e, de quebra, aceitei a indicação do atendente e aluguei o famoso e bem cotado Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto.
Assisti primeiro ao Demolidor e no dia seguinte dei uma conferida no Antes que o Diabo.
A primeira metade do filme engana direitinho. Traz uma mistura bacana de ação, tensão e um toque de comédia. Entretanto, a narrativa logo descamba para o drama existencial, focando em um universo onde filhos sem grana assaltam pais, irmão come a esposa do irmão, irmão quer matar irmão, pai mata filho e todo mundo mente. Ou seja: e daí? Me conta uma novidade.
A experiência do cinema para mim ainda está nos elementos do processo sobre o qual se estabeleceu a narrativa clássica de Hollywood. Mais do que uma identificação, quero me transportar, me projetar. Quero me colocar no lugar de alguém diferente de mim. Alguém cujas qualidades eu gostaria de ter. Por uma hora e meia – no máximo duas horas, por favor! – consigo viver um sonho, com direito a uma trilha sonora em dolby surround.
Não é surpresa, então, que eu tenha curtido muito mais assistir novamente ao velho Demolidor do que ao novo Antes que o Diabo... É claro que eu gostaria de ter aqueles poderes do super-herói. É claro que seria muito bom ser bonitão como o ator que o interpreta.
Não é nada divertido ver um cara com um corpo de quem come 10 cachorros quentes por dia andando semi-nu por um apartamento, planejando assaltar a joalheria dos pais e dizendo que a solução para seus problemas com a esposa – uma deusa maravilhosa - é vir morar no Rio de Janeiro. Não há nada de novo em ver gente mentindo, traindo, trepando sem prazer, drogando-se. A não ser que o espectador tenha menos de 23 anos, aí tudo bem.
Não posso, entretanto, deixar de admitir o valor cinematográfico de Antes que o Diabo... Começando pela forma com que a história é contada, passando por belas atuações, bons movimentos, boa fotografia. Mas falta o herói. Falta o belo. Sobra o que se vê na vida real. E isso não me diverte.
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xxxxxxxxxxxxxxxxxxxMinha avaliação:


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sábado, 11 de abril de 2009

Frank Martin é o cara!


Nos anos 80 e 90 o universo dos filmes de ação era dominado por nomes como Sylvester Stallone, Bruce Willis, Steven Seagal e, antes que eu me esqueça, Arnold Schwarzenegger. Todos eles conseguiam dar conta do recado, oferecendo o que todo aficionado por filmes do gênero deseja: ação com muito ritmo e intensidade.
Neste início de milênio, quem ocupa este lugar é o ator/lutador inglês Jason Statham. Não me ocorre agora qualquer outro que concorra com ele.
Não perco nenhum de seus filmes. Gosto de todos.
Esta semana assisti ao terceiro da série Carga Explosiva. Sensacional! Frank Martin está cada vez melhor. As cenas de luta em CE3 intercalam-se com momentos mais sérios e menos tensos. Coisa do grande e genial Luc Besson, que assina o roteiro com Robert Mark Kamen.
Agora Frank tem de entregar uma carga certamente muito explosiva: uma ucraniana maluca e linda. Só não é mais gostosa por falta de espaço. A mulher enlouquece ao ver todo o “vigor” físico do herói quando este, durante uma luta, vai tirando peça por peça de roupa até ficar apenas com as calças no corpo.
Ambos estão usando uma pulseira eletromagnética que os impede de se afastar mais de sete metros do carro. Caso se afastem, o acessório explode, transformando-os em picadinho de carne.
O encontro do motorista inundado de testosterona com esta carga ucraniana rende algumas cenas muito sensuais, pois chega um momento em que ela não consegue mais esperar para “esfregar-se naquele tanque” e ele sucumbe à vontade de “dar um jeito” na louca tesuda.
Carga Explosiva 3 garante entretenimento da melhor qualidade, com direito a uma bela fotografia, panorâmicas, movimentos de grua e plano aéreo. E, obviamente, Jason Statham em sua melhor forma, dando soco em tudo quanto é cretino. Não recomendado para quem gosta de chorar nem para os famosos cinéfilos parasuicidas – os que se amarram em sentir aquela vontade de cortar os pulsos depois de um filme.
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xxxxxxxxxcccxxxxxx Minha avaliação:

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Rima medíocre para um frango infeliz




Detesto ter de dizer isso
Mas o frango salgou
A cada mordida que dou
A boca trava
Tava louco pra comer frango
Mas esse tá difícil de engolir
Não se aborreça
Não faltará oportunidade pra você acertar
Só não vai ser com esse finado
Coitado
Morreu em vão
Seu destino não será o intestino
Mas os cafundós do lixão
Ou quem sabe saciará a fome do cão
O cão aí do lado
Ou talvez o próprio diabo
Só sei que por maior que seja o embaraço
Dessa ave não como nem mais um pedaço

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Não demores


Basta que olhes em volta para perceberes o reflexo de meu espírito. A camada de pó que se espalha por aqui tem uma conexão direta com o lúgubre estado do meu córtex. Minhas assim chamadas funções psíquicas superiores encontram-se bloqueadas. Não consigo colocar ordem nas coisas.
A pilha de roupas é um indício direto do acúmulo de energia que não se escoe de minha psique.
Olha e verás. Luto para não enfrentar qualquer luto. Talvez ainda seja cedo demais para chorar pela perda do bom senso. Este amigo de longa data que resolveu abandonar-me sem ao menos deixar uma nota avisando quando voltará. O velho bom senso cuja companhia sempre prezei.
Nutro, entretanto, a esperança de que ele reencarnar-se-á a qualquer momento. Posto que somos tão íntimos, recuso-me a crer que ele conseguirá sentenciar-me a uma vida insensata, na qual minhas ideias careçam de ordem, direção e coerência.
Risco a pedra e busco um alento utópico ao sugar lentamente esta ponta esponjosa, esta maldita traiçoeira que promete o que não pode cumprir. Introjeto este amálgama que rapidamente se espalha pelo sistema. Tão rapidamente quanto o pó se espalha por aqui.
Sorte que o templo dos pesos se abre amanhã. Quem sabe amanhã eu acorde com outro espírito.

Quem foi que abriu o Gorgonzola?


Peide só. Só peide sozinho. Pense muito bem antes de compartilhar seu metano com qualquer outra pessoa. Não deixe de refletir antes de mandar para a atmosfera sua colaboração etérea. Juan, que também é Antonio, não pensou. Irritou Jose, que também é Braule – quase Bráulio -, que ficou roxo e partiu para o ataque. Com uma faca.
O Clarion Inn jamais será o mesmo depois deste episódio. O Texas continuará na mesma, sem nenhum abalo ao status quo. Bizarro é o sobrenome do estado.
Por sorte – ou azar – Juan, que também é Antonio, sobreviveu. Por pouco não virou mais um peido no espaço.

Ice Ice Baby

Sim. Eu me amarrava no Vanilla Ice. Fodam-se os pseudopuristas, pseudoexperts, peseudointelectuais. Não me interessa se o cara se vendeu. Pouco me importa o que ele fez da vida. É inegável que o cara sabe fazer RAP e não se fala mais nisso.
E eis que estou no meio de uma de minhas inúmeras incursões pelo YouTube, quando me esbarro com o clipe abaixo (cuja incorporação um dia será desativada, não me pergunte por quê). O avesso de Ice, Ice, Baby conseguiu me cativar. O moleque sabe cantar, tem uma voz nota dez. Right Side of The Tree rocks!! Two thumbs up!


...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Dúvida




Não sei
Não sei se eu tomaria o Zip
Para te esquecer.
Talvez não, não sei.
Sei que fostes ruim comigo
Mas não deixastes de me fazer bem também
As partes em meu cérebro onde te cristalizei
Colaboram, junto com minha alma cauterizada de ti
A dar forma a este ser que sou
E talvez eu não teria vindo a ser
Este ser mais tortuoso, porém mais flexível que sou
Não tivestes tu penetrado em minha existência
Inundado temporariamente minhas células
Onde habitastes
Não sei se tomaria o Zip
Para te esquecer
Ou a qualquer outra coisa
Não sei

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mudanças chatas


A Avenida Sernambetiba virou Lúcio Costa... mas todo o mundo continua indo à Sernambetiba.
O Hotel Meridien eliminou a cascata e virou Iberostar... mas continuamos a nos encontrar ali na esquina do Meridien
O Galeão virou Tom Jobim... mas o carioca ainda pega seus voos no Galeão
Mas o Galeão perdeu as chamadas de Íris Lettieri... e ficaremos órfãos daquela voz aveludada... que vacilo, Infraero!
Há coisas que não deviam mudar...
Foto: Aeroporto do Galeão (RJ) - Mari Adão

PQP! GDSF!


Será que tentaram roubar-lhe o hífen também, Sexta-feira?
Será que nem você escaparia? Será que nem você escapou?
O Tufano afirma que há controvérsias.
Eu afirmo que com ou sem esse pau no meio
Eu amo você
Com ou sem caipirinha
Eu amo você
Com ou sem aquela trepadinha
Eu amo você
É que você já é um símbolo
Símbolo de tudo que há de bom e relaxante
Você nos remete ao fato de que existe vida
Além dessa realidade suspensa e paralela do trabalho
Podem até lhe roubar o hífen
Mas não há reforma que consiga roubar-lhe o espírito
Esse espírito de gozo, de bagunça, de eterno carnaval
Porque sempre foi e nunca deixará de ser nossa querida sexta-feira!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Deusa do Vácuo


E ela que “se achava”, perdeu-se na escuridão da mediocridade de sua própria vaidade.
Tentou retornar, mas descobriu que não havia lugar.
Para onde retornaria? Para onde estavam aqueles de quem zombara um dia?
De mais nada adiantaria sua retórica, sua fala articulada.
Suas palavras, já antes vazias, deixaram-lhe na mão, recusando-se a sair de sua boca.
Não creio, entretanto, que ela desista. Para ela sempre haverá uma possibilidade.
Enquanto a juventude não lhe abandonar, ela continuará a se reiventar.
E não lhe faltarão novatos, que jamais lhe viram antes, para acolhê-la
Até o dia que virarem-lhe a cara e desejarem vê-la morta
E poucos a velarão ou sequer uma vela acenderão
Sua alma solitária terá de cruzar um longo caminho árido de orações
E, talvez arrependida, ela acorde do pesadelo e deixe no chão o fardo
O peso do autoengano que a cegou por tantos anos.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

1/4/09


Queria muito que me contassem uma boa mentira hoje.
Queria ouvir que não preciso mais me preocupar com nada.
Que toda minha confusão mental não passou de um pesadelo
Quem sabe, até, uma piada de mau gosto.
Queria que alguém me dissesse que meu pai não morreu e
Que ele está me esperando no bar pra gente tomar umas e papear.
Queria que a Fátima Bernardes brincasse, noticiando a cura do câncer e da Aids
Quem dera que ela ainda noticiasse a cura para a falta de vergonha na cara
Queria que em vez de vídeos de cabeça para baixo, o YouTube mostrasse o vídeo de
Quem me vendeu aquela porra de telefone, pedindo desculpas por me enganar.
Queria que algum filho de Deus – ou do cão – me dissesse
Que posso beber todas, fumar de tudo e comer
Qualquer merda sem ter de me preocupar com a possibilidade de perder a forma.
Que forma deliciosa de se viver, seria!
Que todos tenham um ótimo primeiro de abril.