quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Deusa do Vácuo


E ela que “se achava”, perdeu-se na escuridão da mediocridade de sua própria vaidade.
Tentou retornar, mas descobriu que não havia lugar.
Para onde retornaria? Para onde estavam aqueles de quem zombara um dia?
De mais nada adiantaria sua retórica, sua fala articulada.
Suas palavras, já antes vazias, deixaram-lhe na mão, recusando-se a sair de sua boca.
Não creio, entretanto, que ela desista. Para ela sempre haverá uma possibilidade.
Enquanto a juventude não lhe abandonar, ela continuará a se reiventar.
E não lhe faltarão novatos, que jamais lhe viram antes, para acolhê-la
Até o dia que virarem-lhe a cara e desejarem vê-la morta
E poucos a velarão ou sequer uma vela acenderão
Sua alma solitária terá de cruzar um longo caminho árido de orações
E, talvez arrependida, ela acorde do pesadelo e deixe no chão o fardo
O peso do autoengano que a cegou por tantos anos.

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