quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Eus

Tento me reinventar a cada dia. Re-significo o que posso. Inverto-me. Retorno e revisito. Revejo e corrijo. Mudo as cores. Preciso do novo.
Preciso, entretanto, retornar à gênesis, à essência, ao ponto inicial. Não consigo abandonar os alicerces para construir um novo barraco em outro terreno. Causa-me pavor tal possibilidade.
Raspo, tiro, ponho lá, coloco de volta no lugar, deixo crescer de novo. Aqui dentro, tento conviver com tantos eus brigando entre si, gritando para sair. Mas não consigo liberar todos de uma só vez. Tem de ser aos poucos. Cada um em seu tempo que já não sei se é preciso, exato, acurado.
Durmo com um tom e acordo com outro. Um caminho a cada fase. Uma trilha de fundo em cada período.
Em meio a este caos de tantos eus, nessa orgia de almas por vezes excludentes entre si, tento tocar pra frente, inclinando-me aqui, deitando-me ali, sentando-me acolá, penetrando-me sabe Deus onde.

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