segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Rio de Janeiro da Abstenção


Para mais de vinte por cento da população carioca, o último domingo foi muito especial. Aproveitando o feriado prolongado – resultado do dia do servidor público – esses cariocas “gente boa” fizeram questão de se esquecer que o domingo era um dia decisivo para a cidade. Trocaram as urnas pelas dunas, pela água de coco na praia, pelas churrascarias, pela chopada com os amigos “gente fina”. Trocaram a preocupação coletiva pelos interesses individuais.
Enquanto isso, a cidade padece. Como se já não bastasse a falta de segurança, saúde, educação e de serviços de qualidade, o Rio de Janeiro padece da falta de interesse de seus cidadãos ou, pelo menos, de uma considerável parte deles.
É provável que se tratem dos mesmos cidadãos que abrem as janelas de suas picapes e atiram latas de cerveja na rua. É quase certo que sejam os primeiros a reclamar das faltas e os últimos a levantar um dedo para fazer qualquer coisa para melhorar. Certamente parte deles são aqueles mesmos seres esquisitos que aparentam estar sempre deprimidos e odiarem o que fazem. Aqueles mesmos que começam a trabalhar às nove. Que lutaram muito para passar em um concurso e garantir “estabilidade”, pois já sonhavam em nada fazer. Hoje, sem fazer nada para mudar, passam o dia inteiro falando mal das empresas onde trabalham.
Viva o carioca gente boa! Viva a falta de cidadania! Salve o resmungão imbecil!

2 comentários:

Jorge Fortunato disse...

Prefiro avaliar os votos nulos, brancos e as abstenções como um reflexo da insatisfação com o quadro político. Contudo, não temos como saber qual seria a opção daqueles que se abstiveram.
Abraço,
Jorge

Antônio Moura disse...

Obrigado pelo comentário, Jorge. Concordo com a relação entre abstenção, votos nulos e brancos e a insatisfação com o quadro político. Fico, entretanto, triste com a total descrença na possibilidade de mudança.
Um grande abraço!