Mais uma trama que se encerra. Foi difícil chegar ao fim. Dessa vez, entretanto, percebi que o fim não foi adiado. Pelo contrário: jamais sonhei tanto com uma conclusão. Já não agüentava mais. Não me fez bem. Má companhia. Complexa demais. Cruel. Enfadonha. Vaidosa em essência. É muito ruim quando se tem o compromisso de se dizer coisas belas, em estruturas milimetricamente calculadas. Perde-se a espontaneidade. Acho que foi isso. Logo eu, que aprecio a simplicidade das coisas! Como demorou chegar ao fim. Sinto um alívio dos diabos. Meu espírito, mais leve, encontra-se em festa.
Em geral, quando chego ao fim, sinto-me vazio. Dá um oco na alma, não sei. O que sinto agora, porém, é muito diferente. Eu me livrei de um fardo. Foi pesado demais tentar penetrar em seu universo tão hostil, quase árido. Doía-me os dedos ao tocar-lhe a superfície. Não posso negar que em algum ponto, de alguma forma, em alguma intensidade, nossos universos se tocaram. Houve choques e atritos, mas em alguns momentos aprendi alguma coisa. Algo se cauterizou aqui dentro. Só que jamais sentirei falta de sua companhia, insisto.
Inclino-me para trás na cadeira da estação de trabalho, respiro fundo, solto todo o ar, inspiro um pouco novamente e exclamo, aliviado: “Vai tarde, livro chato dos infernos!”
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