sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Perigo Sobre Duas Rodas


A coisa tinha sido feia. Eram nove e meia da manhã quando esborrachou-se no asfalto quente. A moto foi parar no inferno. Ao colidir no chão, explodiu, formando uma poça de sangue e gordura. Mais gordura do que sangue. Sobrara apenas a cabeça no capacete pra contar história. Qual seria a sua história? Aonde ia com tanta pressa? Como conseguia equilibra-se na moto? Quem sentiria sua falta?
O povo, reunido ali em volta daquela coisa amorfa, estava em transe, chocado, sem palavras. A cabeça no interior do capacete, com os olhos esbugalhados, era o único elemento humano da cena.
No chão, a gosma começava a fritar. Uma dúzia de paezinhos de queijo. 500 ml de Nescau. Três pés-de-moleque. Uma paçoca. Um Sonho de Valsa. Dois sanduíches de mortadela. E ainda não eram nem dez horas da manhã...

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