sexta-feira, 2 de abril de 2010
Despedida
quarta-feira, 17 de março de 2010
São Patrício
domingo, 14 de março de 2010
Faltou raça ou ração?
Ilusão de Ótica
Havia muito que eu não lhe via. Pareceu-me estranho como seu rosto mudou. Que ponteiros implacáveis! Como se não bastasse, vi no Discovery Channel que depois dos últimos fenômenos tectônicos no Chile, a Terra passou a girar mais rapidamente e os dias ficaram sutilmente mais curtos. É provável que eu tenha mudado também. Ah, os olhos... Sempre prontos para nos enganar a cerca do que nos pertence exclusivamente. Que relação estranha essa que se estabelece entre o espelho, os olhos e o cérebro. Assim como não vejo nem sinto o movimento do planeta, não percebo o movimento em meu rosto. Descendente. Você percebeu. O meu. O espelho quebrou. Não servimos mais de espelho um para o outro. A imago sua que guardo ou sua imagem que chega-me à retina? A imago. Ela sim lembra-me de um tempo que o cérebro insiste em arquivar no fichário “ANTEONTEM”. Mas já faz muito tempo. Amigos não deveriam ficar tanto tempo sem se ver...
segunda-feira, 8 de março de 2010
"Sou forte, mas não chego aos seus pés"
sexta-feira, 5 de março de 2010
Se beber, não dirija.
- Caiu um mosquito no seu copo.
- Oi?
- Um mosquito. À essa altura já se afogou na sua cerveja.
- Tá falando sério?
- E eu lá tenho cara de quem brinca com uma coisa dessas?
- Como assim, "uma coisa dessas", cara? Foi só um mosquito.
- Só? Se você conseguisse ouvir os gritos dele ao se afogar nesse poço de álcool, não diria isso.
- Por acaso VOCÊ ouviu? Ouviu o imbecil gritando?
- Ouvi sim. Com o ouvido da alma.
- Nossa, que alma nobre! Só falta agora você me dizer que seu anjo da guarda é um pernilongo.
- Como posso saber? Nunca o vi.
- Nem com os olhos da alma?
- A alma é cega, rapaz.
- Pobre alma. Bom, pelo menos ela escuta né?
- Sei lá!
- Peraí... você não acabou de dizer que sua alma OUVIU o desgraçado do mosquito gritando cerveja abaixo?
- Foi metáfora, cara, Me-tá-fo-ra, saca?
- Só não mando você meter essa me-tá-fo-ra por entre o desfiladeiro de sua retaguarda em respeito a esse mosquito que, segundo você, acaba de morrer em meu copo.
- Ah, então você agora acredita no destino infeliz desta criatura.
- ...
- Você vai beber?
- O quê? A cerveja? Pirou? Então você acha que vou beber esse troço com esse cadáver boiando?
- Cara, você nem olhou pro copo ainda. O mosquito afundou. Não tá boiando, não.
- Você beberia?
- O quê? A cerveja? Não. Vai que eu engula o morto e herde seus carmas.
- Ah, essa agora. Carma. Vai com carma, meu amigo. Muita carma nessa hora!
- Você acha tudo muito divertido né? Não leva nada a sério.
- Ah, meu amigo, não vou ficar aqui escutando você filosofar sobre o carma dos insetos. Vou deixar você com seu carma e vou pra minha cama. Fui. Aí. Dez paus. Paga minha parte. Pode ficar com o troco.
- ...
- ...
- Inté!
- Ih, rapá...
- O quê foi?
- Acho que o rio que passa por entre o desfiladeiro de SUA retaguarda transbordou.
- Putz... tá de carro aí? Dá pra me dar uma carona?
- Tô, mas vou pegar um táxi.
- Pirou? Por que, maluco?
- Maluco, eu? Você passa a noite sentado num banco molhado, depois quer uma carona com um cara que ouviu os gritos de um mosquito e EU é que pirei? Fala sério.
- Putz... só dá maluco.
quinta-feira, 4 de março de 2010
quarta-feira, 3 de março de 2010
Vlw! Depois eu deixo um scrap!
terça-feira, 2 de março de 2010
sábado, 27 de fevereiro de 2010
A Trinta Metros do Chão
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Legítima Defesa
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Com licença
Não me formei em 1981 com o já famoso Calixto, mas sou também um veterano, da turma de 1996.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Fim de Festa
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Sou isso
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
A Brutalidade e o Conceito de Educação
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
He who tried to be
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Compartimentos
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
“Que bom que as flores são de plástico. Durarão para sempre.”
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
É preciso que saibas
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Salve, Fervereiro!
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Até mais, J.D. Caulfield!
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Suspense de Qualidade
Suspense para mim é isso. É difícil fechar o livro na boa. Jonathan Kellerman presenteou-me com esse tipo de experiência. Em Twisted, cada página revela uma nova possibilidade, nova trama. Personagens bem elaborados, história bem engendrada. Delícia de livro. Parece que estamos assistindo a um filme. Petra Connor, assistente do psicólogo Alex Delaware em outros livros de Kellerman, se vê às voltas e come um dobrado com o estagiário, menino prodígio Isaac Gomez em suas tentativas de descobrir o que está por trás dos assassinatos de tantos adolescentes. Delicioso!!!
Uma História de Amor
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Pá no Pó
É preciso mudar. Na minha idade, já não dá mais para varrer o pó e escondê-lo embaixo do tapete, por preguiça de pegar a pá, pendurada lá na área de serviço. Preguiça ou medo. Talvez medo de encarar o pó e, como Lourenço, que temia ser responsável pelo fedor que vinha do ralo, descobrir-se autor de tanta sujeira. Andamos. Saímos. Abrimos as janelas. O pó é meu.
Não mais conviverei (cá estou eu com meu tom fatalista e decisivo) com a poeira que produzo. Aspirá-la-ei, varrê-la-ei, jogá-la-ei fora. Não mais ficarei em meio a tanto serviço pela metade, muito menos insistirei nas mesóclises. Não mais permanecerei no meio, sentado no muro. Se der empate, é zebra. Coluna do meio nem a pau. É pá.
Começarei pelos pseudo-amigos. Que se danem os hífens e suas novas regras. A regra agora é simples: amigo não tem meias palavras. Posto que meias palavras refletem falta de intimidade. Como pude um dia, tão despudoradamente, ser sincero com você, pseudo-amigo? Só para descobrir, mais tarde, que você ocultava razões e motivos, tão pequenos e mesquinhos, tão singelos e pueris. Tão... medíocres. Não é e nunca foi meu amigo. Para você o que importa é número. Quantos batizou, quantos apadrinhou, quantos lhe querem bem. E você? Quer bem a quem? Seus números me mostram o que para mim estava claro havia muito: seu lugar é na pá e não embaixo do tapete. Deus me perdoe pelo pó acumulado!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
O Caldeirão Familiar e os Terremotos no Haiti
Os móveis em meu apartamento estão na mesma disposição que seis anos atrás. Muito mais que um estilo de vida, esse fato é um sintoma, um sinal de quem eu sou. Por mais que eu tente me enganar com a ideia de que a flexibilidade está presente em meu caráter, no fundo sei que é uma enorme tolice. Filho de pai militar e de uma mãe cuja intransigência anda de mãos dadas com a arrogância feito duas primas egípcias (e, com o passar dos anos, essas duas mais parecem patas chocas), meu legado de rigidez praticamente acompanha-me o código genético.
Não vejo a hora de trocar o sofá – que comprei em 2002 -, mas o novo não ocupará outro lugar senão o mesmo do antigo. Essa história de lugar é coisa séria, sobretudo para quem aprecia com certa frequência a experiência ébria. Depois de um tempo, parece que o cérebro desenvolve um afeto ao entorno de tal forma que, quando embriagado, o danado se recusa a reconhecer novos layouts e insiste, como de pirraça, a orientar o bebum segundo as antigas disposições. Canela roxa é o resultado mínimo desse processo.
Ontem fiquei imaginando minha irmã Iara, grande herdeira das esquisitices de minha mãe – ela não admitiria isso nem com um revólver apontado para sua cabeça – reagindo aos terremotos no Haiti. Iara, que se borra de medo de mudar o status quo, foi batizada em homenagem à rainha do mar, mas na verdade é a rainha do Não Façam Marolas Social Club S.A. Flexibilidade é uma palavra que quando ela pronuncia, expele uma baba espessa pois sua língua engrossa e é repuxada para a garganta, conferindo-lhe um aspecto de louca. Sua filha, que já tem 28 anos, linda de dar friozinho na barriga, não pode namorar. Quer dizer, poder ela pode, mas a rainha louca pira. Todo e qualquer namorado que sua filha arranja é viado. Iara não pensa duas vezes antes de tentar sabotar os relacionamentos da filha. Quando o namorado não é uma bicha, o problema é da pobre Ana que é uma vagabunda. Talvez a tsunami de hormônios vivida pela jovem lembre à mãe do deslizamento de terra, pele e papa que ela vem experimentando.
Minha irmã mais velha é provavelmente a que menos parafusos tem fixando o cérebro. É louca de enlouquecer qualquer um. Foi a primeira vítima das alucinações fantasmagóricas de minha mãe, que a batizou de Uiraçaba, nome inspirado numa palavra usada por José de Alencar em seu romance não menos louco e incompreensível -Iracema (Alencar jurava tê-lo escrito em língua portuguesa.) A inflexibilidade de minha irmã chega ao extremo de ela não querer que ninguém a visite para não desarrumar a casa. Seu apelido entre nós é “A Louca da Torre”.
Meu irmão tem tanto medo que mudem seu mundinho que se trancafiou em algum buraco e não sai de lá há anos. Faz muitos anos que não o vejo. Creio que ele tenha criado raízes no chão e crescido como um carvalho.
Somos todos muito inflexíveis, temerosos e covardes. Só não perdemos o rebolado e ai de quem tente derrubar nossas máscaras de corajosos. O tempo escurece. Rola até furacão, mas é tudo muito mais barulhento do que prejudicial.
Queria ver essa família viver o caos que os haitianos enfrentam agora. Pó de merda é o que viraríamos, revelando-nos integrantes da famosa família do João Cocô.
domingo, 17 de janeiro de 2010
Beijo Bandido
Imagine ir ao cinema assistir a um filme do Michael Moore e dar de cara com uma homenagem descabida a George Bush. Foi assim que eu me senti com o espetáculo Beijo Bandido que Ney Matogrosso estrela no Canecão: chocado.
Não seria correto dizer que compareci a um show do cantor, mas a um recital melancólico de cortar os pulsos. A sessão de torturas foi aberta ao som de Tango para Tereza e daí o rosário de lágrimas estendeu-se até cerrarem-se as cortinas.
Contido, quase um clérigo em seu costume bege e camisa branca, Ney muito mal explorou o palco. Alguém na plateia, já abrindo a embalagem da lâmina, gritou:
- Tira a roupa!
Era um grito de misericórdia com certeza.
Contorci-me até a última canção, tentando me concentrar na belíssima voz do cantor, mas senti-me traído. Não é esse Ney Matogrosso que está no inconsciente coletivo. Não me refiro a plumas e paetês, mas à vibração, à alegria contagiante tão presente nas músicas que ele interpreta e que chegam às rádios, às trilhas sonoras e por aí vai.
Quem curte alimentar mágoas, “dramalhórdias” baratas e adora ruminar as dores do passado, não pode perder essa pérola!
Infelizmente não consegui pelo menos a metade do ingresso de volta – que paguei inteiro, pois devo ser um dos poucos que não têm carteirinha de estudante falsificada neste país bandido.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Moving ahead
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Esta tem um cheirinho de fim de semana!
sábado, 2 de janeiro de 2010
O Lixo do Luxo
É como diz Dona Shirley: “Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz”. Não concordo cem por cento com o ditado, mas em momentos como esses que vivemos agora, até que faz sentido. Abri o jornal enquanto cortava o cabelo e li as diversas matérias dedicadas aos deslizamentos de terra ocorridos em Angra dos Reis. Um grupo de colegas da Faculdade Federal de Minas encontrara-se ali para festejar a passagem do ano e, dos oito, três não voltarão para casa com vida.
Fica sempre a pergunta: teria sido tal evento totalmente imprevisível para os donos dessa pousada “de luxo”? A impressão que tenho é de que esses caras só pensam no lucro. É como o que ocorre no Metrô Rio. A dignidade só voltará aos serviços desse transporte – que é bem caro, diga-se de passagem - depois que houver alguma desgraça. Qualquer criança na terceira série entende que é loucura deslocar o mundaréu que se aglomerava na estação Estácio para a estação Glória. É tudo uma questão de espaço! A plataforma da Glória é mais estreita, dá para entender ou preciso desenhar? E outra: quiseram popularizar os serviços, mas não tinham – e ainda não têm – estrutura para dar conta da ampliação. Dignidade saiu pela janela – aquela que o povo AINDA não quebrou, mas que faço votos que quebre.
O jeito é tentar permanecer numa mínima zona de conforto: pegar um ônibus ao invés do metrô. Fazer programas próximos de casa. Questionar sempre o “luxo” que oferecem. Aliás, eis uma prática que utilizo já há algum tempo. Recuso-me, por exemplo, a frequentar lugares badalados. Fui a um bar “descolado” sábado passado e devolvi DUAS caipirinhas. Como posso pagar 17 reais por uma porcaria mal feita? Fila em um restaurante? Passo para outro. Espera para sentar-me numa porcaria de mesa em um bar para encher a cara? Tô fora. Como já dizia o grande escritor: “A unanimidade é burra”. Não há NADA no Jobi, no Mian Mian ou no Bracarense que justifique uma fila de espera. Quanto mais lotado o bar, pior a qualidade da caipirinha. E quanto maior o número de frequentadores que só enchem a cara de cerveja, maior a incidência de gente mal educada e menor a incidência de gente bonita – não há beleza em gente barriguda, faz favor. Prefiro ficar em casa ou ir ao meu bar preferido – onde é servida a melhor caipirinha do Rio de Janeiro, onde não há fila de espera e cujo endereço não dou nem a pau.
Fico triste por quem pagou uma nota preta para morrer soterrado. Fogo nos donos dessa “pocilga de luxo”. E para quem insiste em esperar nas filas para comer ou beber, lembre-se: vale a pena fazer uma visita à cozinha desses lugares. É imprescindível. E não acredite no povo que se aglomera para comer. Poucos são “locais” e muitos estão ali só para “sair na foto”. Deus me guarde da hora!