Aqui dentro, Karin, grávida de alguns meses, lê um livro enquanto o marido, Gus, assiste à TV. A calefação os ajuda a enfrentar o frio. Do inverno e do tédio instalado pela rotina.
Lá fora, na garagem onde reside, Lars está feliz. Dança com sua namorada, Bianca. Não há nada rotineiro nessa relação. Pelo contrário. Lars está começando a se abrir para a vida, para as pessoas, para as interações sociais. Lars é um homem, um ser humano de carne e osso, desabrochando e derretendo os muros de gelo que o separam do mundo. Bianca é perfeita. Linda. Sensual. De látex. Acaba de chegar pelo correio. Veio em uma caixa de madeira. Lars a comprou em uma Sex Shop online.
Essa é a história contada pelo diretor Craig Gillespie, australiano radicado nos Estados Unidos. Lars And The Real Girl recebeu, no Brasil, o título A Garota Ideal e tem uma verve de filme europeu, inteligente e sensível. No universo criado por Nancy Oliver, Bianca surge como objeto transicional de Lars e um emergente psíquico para toda a pequena e simpática comunidade. Bianca, a boneca de látex, originalmente projetada para realizar fantasias sexuais, acaba ajudando Lars a substituir muros por pontes, fazendo o mesmo com todos que os cercam, inclusive a psicoterapeuta da cidade.
É difícil encontrar adjetivos para esta obra-prima. A direção é irrepreensível, os atores, fantásticos e a trilha sonora, um show à parte. É filme pra se ter em casa, na mesma prateleira de Embriagado de Amor e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças.
2 comentários:
adorei o em especial "Já fui parar em caixas e gavetas de outrem"
adorei o em especial "Já fui parar em caixas e gavetas de outrem"
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