Findo o carnaval, a colombina colombiana volta sozinha para casa. Na mente, um saldo positivo de bocas beijadas, olhares trocados e novas promessas. Bocas cheias de cerveja, olhares nublados por tanta euforia e promessas vazias. Seu apartamento é demasiado pequeno para o tamanho de seu ego ainda inflado pelos eventos enganosos que acaba de experimentar.
À medida que tira a maquiagem, entretanto, colombina sente seu entusiasmo murchar e o apartamento, repentinamente, crescer, acentuando-lhe a solidão.
Frente ao espelho, ela percebe os excessos. Excesso de cerveja; de comida; excesso de frituras; de noites insones; excesso de pele e gordura; excesso de idade. Já passou dos 40 e não há botox que prometa-lhe sensualidade. Pelo menos não a sensualidade como promessa de uma boa transa, posto que nossa colombina jamais aprendeu a se doar e nunca soube o que é transar direito. Sua filosofia sempre foi mais bancária do que pedagógica. Como poderia uma simples intervenção devolver-lhe o que nunca lhe pertenceu?
Sua arrogância lhe salva da depressão, mas não lhe poupa da realidade fria da cama. Tira a peruca, toma um banho e vai dormir. Sozinha. Amanhã, de colombina, só restarão cinzas. Ela acordará e dará de cara com a falta de azuis, amarelos e vermelhos em sua vida cretina.
7 comentários:
Oi,
interessante o conceito do seu blog
Criativo também, caro Antonio
te seguirei aqui, abs
Pois é o Carnaval são apenas 3 dias :)
Quanta observação meu caro, teus olhos ha de haver pousar no infinito.
Mais achei você um tanto radical, ou melhor, extremo... Um tanto pré-ocupado?
Será o cansaço, seu texto me da pista de um homem já exausto do cotidiano,
Das mesmices que os homens criam para se sentirem melhores ou pelo menos diferentes dos que são de homens que fogem dos seus valores e costumes... De homens fracos mesquinhos.
“Acho que você não é muito de lamentações”
Parabéns!
Fala Leandro! Vc é um bom observador. De fato, sou um cara de extremos, na medida em que vivo tudo com muita intensidade. O morno me incomoda, o quente me atrai. Ainda não me sinto exausto do cotidiano não. Ainda me surpreendo com muitas coisas, acredite. Quando sentimos e vivemos intensamente, o preço que pagamos é esse: fica tudo em nossa memória como se tivesse sido ontem. Abraço forte, poeta!
Antônio, caro: o mundo está cheio de colombinas como essa. E os pierrôs foram substituídos pelos clóvis de bola: todos maus e diabólicos.
afff... pobre colombina desgraçada kkkk
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