É preciso mudar. Na minha idade, já não dá mais para varrer o pó e escondê-lo embaixo do tapete, por preguiça de pegar a pá, pendurada lá na área de serviço. Preguiça ou medo. Talvez medo de encarar o pó e, como Lourenço, que temia ser responsável pelo fedor que vinha do ralo, descobrir-se autor de tanta sujeira. Andamos. Saímos. Abrimos as janelas. O pó é meu.
Não mais conviverei (cá estou eu com meu tom fatalista e decisivo) com a poeira que produzo. Aspirá-la-ei, varrê-la-ei, jogá-la-ei fora. Não mais ficarei em meio a tanto serviço pela metade, muito menos insistirei nas mesóclises. Não mais permanecerei no meio, sentado no muro. Se der empate, é zebra. Coluna do meio nem a pau. É pá.
Começarei pelos pseudo-amigos. Que se danem os hífens e suas novas regras. A regra agora é simples: amigo não tem meias palavras. Posto que meias palavras refletem falta de intimidade. Como pude um dia, tão despudoradamente, ser sincero com você, pseudo-amigo? Só para descobrir, mais tarde, que você ocultava razões e motivos, tão pequenos e mesquinhos, tão singelos e pueris. Tão... medíocres. Não é e nunca foi meu amigo. Para você o que importa é número. Quantos batizou, quantos apadrinhou, quantos lhe querem bem. E você? Quer bem a quem? Seus números me mostram o que para mim estava claro havia muito: seu lugar é na pá e não embaixo do tapete. Deus me perdoe pelo pó acumulado!
Um comentário:
eu queria muito começar a fazer o mesmo que voce, antonio. parabéns.
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