quinta-feira, 2 de outubro de 2008

não me mandem cores: O Poder das Palavras Bem Utilizadas


Sou facilmente seduzido pelas palavras, sobretudo quando bem organizadas, de maneira elegante, bacana, quer estejam escritas ou sejam verbalizadas. Impressiono-me com o que ouço e leio, desde que siga esse padrão de organização, síntese e elegância.
Blogueiro que sou, passeio por alguns dos blogs que considero mais elegantes, intrigantes, bem-humorados, sacados... O contato com outras idéias me renova.
Ontem, como de costume, na esperança de arejar a cabeça e dar um tempo na tradução, dei uma passada no blog “não me mandem cores” (www.naomemandemcores.blogspot.com) que, apesar do nome, sempre me traz novos matizes e tons aos pensamentos e às idéias. Dei logo de cara com uma história simplesmente fascinante: Hotel La Guardia. Fazia tempo que eu não lia algo tão interessante, tão obscuro, tão cinematográfico. Heitor conseguiu tecer uma trama tão bem sacada, tão imprevisível e horripilante, que acabei sonhando com a história.
Conto bom é assim: consegue nos transportar para as linhas e das linhas para o espírito da narrativa. Eis o meu conceito de narrativa de qualidade: uma que permite que se abra um canal entre o leitor e a obra, tal que por um momento estabeleça-se uma confusão de papéis: ora sou leitor, ora autor. Não consigo me prender a nenhuma leitura que tenha sido claramente elaborada como passarela para um show de vaidades lingüísticas. Não é a complexidade ou a sofisticação da seleção vocabular que me atrai, mas a inteligência com a qual se faz o registro. Tenho a impressão de que o Heitor está por dentro deste conceito de sofisticação.
A história me fez pensar sobre os extremos a que pode-se chegar para ter-se alguém; como a posse física norteia nossas relações, em menores e maiores graus. O amor, como constructo, revela-se individual, narcisista e egoísta.
Em meu sonho, passei pelo corredor estreito ao lado da recepção abandonada e presenciei a cena do quarto. Estranhamente, a minha criação pôs o senhor besouro escondido atrás da porta, também observando, alimentando seu voyeurismo. Não cheguei a entrar, sequer vi o senhor besouro de fato – acho que meu inconsciente evitou aquela figura estranha, com cheiro de mofo. Bastou saber de sua presença ali.
Acho que isso dá um excelente filme. Espero ler mais coisas desse gênero! Show de bola.

Um comentário:

Heitor Nunes disse...

uau, velho...
que legal ler impressões, opiniões formadas por outra cabeça, outra alma, daquilo que escrevemos. isso sim, é extremamente fascinante.
adorei seus novos posts. o sr tá cada vez melhor!!

:))