sábado, 2 de janeiro de 2010

O Lixo do Luxo

É como diz Dona Shirley: “Boa romaria faz quem em sua casa fica em paz”. Não concordo cem por cento com o ditado, mas em momentos como esses que vivemos agora, até que faz sentido. Abri o jornal enquanto cortava o cabelo e li as diversas matérias dedicadas aos deslizamentos de terra ocorridos em Angra dos Reis. Um grupo de colegas da Faculdade Federal de Minas encontrara-se ali para festejar a passagem do ano e, dos oito, três não voltarão para casa com vida.

Fica sempre a pergunta: teria sido tal evento totalmente imprevisível para os donos dessa pousada “de luxo”? A impressão que tenho é de que esses caras só pensam no lucro. É como o que ocorre no Metrô Rio. A dignidade só voltará aos serviços desse transporte – que é bem caro, diga-se de passagem - depois que houver alguma desgraça. Qualquer criança na terceira série entende que é loucura deslocar o mundaréu que se aglomerava na estação Estácio para a estação Glória. É tudo uma questão de espaço! A plataforma da Glória é mais estreita, dá para entender ou preciso desenhar? E outra: quiseram popularizar os serviços, mas não tinham – e ainda não têm – estrutura para dar conta da ampliação. Dignidade saiu pela janela – aquela que o povo AINDA não quebrou, mas que faço votos que quebre.

O jeito é tentar permanecer numa mínima zona de conforto: pegar um ônibus ao invés do metrô. Fazer programas próximos de casa. Questionar sempre o “luxo” que oferecem. Aliás, eis uma prática que utilizo já há algum tempo. Recuso-me, por exemplo, a frequentar lugares badalados. Fui a um bar “descolado” sábado passado e devolvi DUAS caipirinhas. Como posso pagar 17 reais por uma porcaria mal feita? Fila em um restaurante? Passo para outro. Espera para sentar-me numa porcaria de mesa em um bar para encher a cara? Tô fora. Como já dizia o grande escritor: “A unanimidade é burra”. Não há NADA no Jobi, no Mian Mian ou no Bracarense que justifique uma fila de espera. Quanto mais lotado o bar, pior a qualidade da caipirinha. E quanto maior o número de frequentadores que só enchem a cara de cerveja, maior a incidência de gente mal educada e menor a incidência de gente bonita – não há beleza em gente barriguda, faz favor. Prefiro ficar em casa ou ir ao meu bar preferido – onde é servida a melhor caipirinha do Rio de Janeiro, onde não há fila de espera e cujo endereço não dou nem a pau.

Fico triste por quem pagou uma nota preta para morrer soterrado. Fogo nos donos dessa “pocilga de luxo”. E para quem insiste em esperar nas filas para comer ou beber, lembre-se: vale a pena fazer uma visita à cozinha desses lugares. É imprescindível. E não acredite no povo que se aglomera para comer. Poucos são “locais” e muitos estão ali só para “sair na foto”. Deus me guarde da hora!

Um comentário:

Heitor Nunes disse...

Aeeeeeee, que bom que vc voltou!!