Sábado chuvoso no Rio de Janeiro: coisa mais cretina que existe. A chuva não reduz o calor, as ruas alagam – de uns tempos para cá virou moda: chuviscou, as ruas viram represas -, o carioca, que já não tem o menor senso de direção e ordem em dias de sol, torna o fluxo de pedestres ainda mais caótico e ridículo quando chove... Dá uma tristeza dos diabos.
Entretanto, como sempre existe a luz no fim do túnel, mesmo do Rebouças, com sorte, não falta luz e conseguimos, pelo menos, nos sentar frente ao computador e assistir TV. Perái... Não, não, não foi isso que eu quis dizer... ou será que foi? Ah, acho que foi sim. É que esse negócio de TV ficou um saco. A expressão “Assistir TV” virou um mero hábito lingüístico. Porra, tira esse trema daí, Word! LingUístico.
Creio que tudo tenha começado com o advento do Walkman. De repente, cada um passou a escutar o que queria – sozinho. Não me esqueço da época em que eu ficava grudado ao rádio esperando que tocassem aquela música que estava naquele álbum que eu não tinha grana pra comprar. Os consoles de videogame foram parar na mão do jogador. Surgiram os gameboys da vida, onde ninguém além do jogador precisava ver o que estava na tela. Eu tinha um daqueles consoles CCE – abençoada CCE que incluiu a pobretada como eu ao mundo dos games. O ATARI era um sonho mais distante naquela época do que o PS3 hoje. Eu era viciado no SeaQuest, mas tinha que jogar ali, na televisão que não servia apenas para jogar-se videogame. E o JN? E a novela das seis? Aliás que, depois das 18:00, as novelas dominavam o campo mental de todos na casa. E iam até depois das 22:00. Quem já passou dos 35 lembra que havia novelas das dez. Mas, voltando aos games. Quando peguei em um videogame de mão, me apaixonei. Ali não tinha novela que interrompesse o filho da puta que estivesse no nível 22 do jogo, numa época em que cartão de memória era fichamento para estudar pra prova ou um “lembrete” num pedaço minúsculo de papel que colocávamos entre as pernas durante as provas.
Vieram os livros da série Enrola e Desenrola (acho que era esse o nome), em que dava-se ao leitor o direito de decidir o desfecho das histórias. Já em 1980 vendiam-se discos compactos com aulas de ginástica gravadas para que o cara malhasse em casa à hora que bem entendesse. Um deles começava com um cara exclamando: “Fazer ginástica é ótimo!”. Obviamente o compacto ia parar na PQP e ninguém malhava PN, até mesmo porque naquela época não era imprescindível ter um tanquinho. Só na área de serviço mesmo. Só que mesmo assim, o cara tinha o poder de comprar o material e decidir não malhar PN.
Surgiu a MTV – antiga Music Television, atual Mooo Television (sua programação hoje é tão chata como um bando de vacas mugindo). Conheço uma garota (ih, rapá, de garota ela já não tem mais nada *risos*) que colocava uma fita de VHS no videocassete, programava para gravar em EP e deixava rolando a noite toda. No dia seguinte, assistia aos clipes como bem quisesse, retrocedendo, avançando, pulando, repetindo... Esse foi o ancestral mais próximo do YouTube. E chegamos onde eu queria. Estamos assistindo cada vez menos TV.
Hoje eu me sento ao computador e baixo aquele episódio de LOST ou de HOUSE sem precisar esperar semana que vem. Vou ao YouTube e assisto ao que quiser. Sou responsável por minha própria programação. A fim de rir? Sem problema. Posso assistir agorinha mesmo aos vários “MEDA” do Pânico. É que enquanto o Pânico estava no ar, naquela noite de domingo, eu estava saindo do ar, lá em Santa Teresa, já no terceiro copo duplo de caipirinha. Aventura? Drama? Romance? Porrada? Cara, tem de tudo no YouTube.
Temos hoje o que sempre sonhamos: poder de decisão. Não há Payperview que se iguale ao poder que o YouTube nos concede. E é muito gostoso. É muito bom escolher. Tudo. Já se foi a época em que se ouvia falar da briga entre Faustão e Gugu por audiência. Que se danem os dois! Já se foi a época em que esperava-se uma semana para saber o que aconteceria naquela série. Foda-se! Eu tenho Emule. Para nos puxar de volta ao sofá agora vão ter que inventar algo muito forte. Porque somos poderosos!
Pena que ainda não temos o poder sobre o tempo. Mas tudo bem se chover. Só não pode faltar luz!
Creio que tudo tenha começado com o advento do Walkman. De repente, cada um passou a escutar o que queria – sozinho. Não me esqueço da época em que eu ficava grudado ao rádio esperando que tocassem aquela música que estava naquele álbum que eu não tinha grana pra comprar. Os consoles de videogame foram parar na mão do jogador. Surgiram os gameboys da vida, onde ninguém além do jogador precisava ver o que estava na tela. Eu tinha um daqueles consoles CCE – abençoada CCE que incluiu a pobretada como eu ao mundo dos games. O ATARI era um sonho mais distante naquela época do que o PS3 hoje. Eu era viciado no SeaQuest, mas tinha que jogar ali, na televisão que não servia apenas para jogar-se videogame. E o JN? E a novela das seis? Aliás que, depois das 18:00, as novelas dominavam o campo mental de todos na casa. E iam até depois das 22:00. Quem já passou dos 35 lembra que havia novelas das dez. Mas, voltando aos games. Quando peguei em um videogame de mão, me apaixonei. Ali não tinha novela que interrompesse o filho da puta que estivesse no nível 22 do jogo, numa época em que cartão de memória era fichamento para estudar pra prova ou um “lembrete” num pedaço minúsculo de papel que colocávamos entre as pernas durante as provas.
Vieram os livros da série Enrola e Desenrola (acho que era esse o nome), em que dava-se ao leitor o direito de decidir o desfecho das histórias. Já em 1980 vendiam-se discos compactos com aulas de ginástica gravadas para que o cara malhasse em casa à hora que bem entendesse. Um deles começava com um cara exclamando: “Fazer ginástica é ótimo!”. Obviamente o compacto ia parar na PQP e ninguém malhava PN, até mesmo porque naquela época não era imprescindível ter um tanquinho. Só na área de serviço mesmo. Só que mesmo assim, o cara tinha o poder de comprar o material e decidir não malhar PN.
Surgiu a MTV – antiga Music Television, atual Mooo Television (sua programação hoje é tão chata como um bando de vacas mugindo). Conheço uma garota (ih, rapá, de garota ela já não tem mais nada *risos*) que colocava uma fita de VHS no videocassete, programava para gravar em EP e deixava rolando a noite toda. No dia seguinte, assistia aos clipes como bem quisesse, retrocedendo, avançando, pulando, repetindo... Esse foi o ancestral mais próximo do YouTube. E chegamos onde eu queria. Estamos assistindo cada vez menos TV.
Hoje eu me sento ao computador e baixo aquele episódio de LOST ou de HOUSE sem precisar esperar semana que vem. Vou ao YouTube e assisto ao que quiser. Sou responsável por minha própria programação. A fim de rir? Sem problema. Posso assistir agorinha mesmo aos vários “MEDA” do Pânico. É que enquanto o Pânico estava no ar, naquela noite de domingo, eu estava saindo do ar, lá em Santa Teresa, já no terceiro copo duplo de caipirinha. Aventura? Drama? Romance? Porrada? Cara, tem de tudo no YouTube.
Temos hoje o que sempre sonhamos: poder de decisão. Não há Payperview que se iguale ao poder que o YouTube nos concede. E é muito gostoso. É muito bom escolher. Tudo. Já se foi a época em que se ouvia falar da briga entre Faustão e Gugu por audiência. Que se danem os dois! Já se foi a época em que esperava-se uma semana para saber o que aconteceria naquela série. Foda-se! Eu tenho Emule. Para nos puxar de volta ao sofá agora vão ter que inventar algo muito forte. Porque somos poderosos!
Pena que ainda não temos o poder sobre o tempo. Mas tudo bem se chover. Só não pode faltar luz!
Um comentário:
eu era viciada em tv, mas isso mudou há mais de um ano... vc tem razão. passo mais tempo ao computador. gente! é bom mesmo ter esse poder de escolha...
Postar um comentário