quinta-feira, 30 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Pelos Ares
Fase
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
O Rio de Janeiro da Abstenção
Enquanto isso, a cidade padece. Como se já não bastasse a falta de segurança, saúde, educação e de serviços de qualidade, o Rio de Janeiro padece da falta de interesse de seus cidadãos ou, pelo menos, de uma considerável parte deles.
É provável que se tratem dos mesmos cidadãos que abrem as janelas de suas picapes e atiram latas de cerveja na rua. É quase certo que sejam os primeiros a reclamar das faltas e os últimos a levantar um dedo para fazer qualquer coisa para melhorar. Certamente parte deles são aqueles mesmos seres esquisitos que aparentam estar sempre deprimidos e odiarem o que fazem. Aqueles mesmos que começam a trabalhar às nove. Que lutaram muito para passar em um concurso e garantir “estabilidade”, pois já sonhavam em nada fazer. Hoje, sem fazer nada para mudar, passam o dia inteiro falando mal das empresas onde trabalham.
Viva o carioca gente boa! Viva a falta de cidadania! Salve o resmungão imbecil!
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Oh, Jeffrey! (2)
“Cara, que alucinante ser lésbica, já pensou? Usufruir de todas as vantagens de ser homem, só que com genitais menos constrangedoras.”
“Quando era pequeno, eu esfregava um pedaço de papel na cara depois de ter escrito a palavra ‘pelada’ umas cem vezes.”
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Pra você
Ela é puro id: sensibilidade em ebulição.
Seus olhos sempre atentos parecem dois faróis brilhantes, ou talvez duas lentes capturando tudo ao seu redor.
Ela não conhece o que é comum. Já cruzou a linha e sempre volta, sempre elegante, linda.
Deve causar um enorme mal-estar entre as pessoas mornas, que evitam o calor da areia e preferem sentar-se na toalha. Ela, no entanto, é a praia completa: desde a areia escaldante ao oceano agitando-se em um turbilhão, levando e trazendo os surfistas que se aventuram em suas idéias, emoções, poesias.
Poetiza, cantora, contadora, encantadora... mulher.
Impossível ignorar sua presença. Difícil não ser envolvido em seu encanto.
Luz. Lúdica. Luminosa. Lunar. Lúcida. Lu.
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Êta, mundo cão!
Na infância, um cara testemunha o estupro de um companheirinho e não faz nada para impedir o ato; mais tarde descobre que o moleque era seu irmão. Na idade adulta, depois de um longo afastamento, fica sabendo que o infeliz estuprado já morreu e que deixou um filho – seu sobrinho – num orfanato.
Cara, todo esse cenário está muito longe de meu conceito de entretenimento. Não sei como, mas acabei criando um vínculo de diversão com livros e filmes. Gosto de assistir a um filme que me tire da realidade. Adoro ler um livro que faça o mesmo. Jamais compraria um livro ou alugaria um filme com a certeza de que o conteúdo me faria chorar ou causaria qualquer mal-estar. Dou conta de meus ímpetos sado-masoquistas na academia, de onde saio me sentindo bem e não com um nó na garganta. Fico meio sem-graça quando alguém começa a falar com muito entusiasmo sobre um livro cujo teor é tão deprimente. Dá vontade de mandar o cara malhar.
Etílico
No dia seguinte, renasço. Quando não me viro do avesso, embolo-me e viajo em mim mesmo. Repenso. Revejo. Re-avalio. O final da noite volta-me à tela mental em forma de flashes. Rápidos. Distorcidos. Retorcidos. A viagem mudou sua essência desde quando deixei os vinte e poucos para trás. Daqui a pouco terei de abandoná-la, pois temo que o curto-circuito alcance um estado irreversível. Aqui, a história é bem diferente da bolsa. Aqui o pacote é outro.
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Historiador contratado por Ronald
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Sexo Seguro
Parece que foi ontem
H E L P ! ! !
Ah, essa agora, Ronald! Que audácia, usar a minha banda para vender hambúrgueres. Caso não tenha se dado conta ainda, minha banda sempre foi um ícone de saúde. Enquanto estivemos juntos, mantivemo-nos no compromisso de vender uma atitude a ser seguida pelos jovens de todo o mundo. Éramos todos saudáveis. Amarelo só o submarino, que jamais afundou.
Não me venha com essa palhaçada agora de usar nossa imagem para vender frituras, muito menos carne de boi. Fico verde de raiva. Meu negócio é verdura. Legume mesmo. Não acho nem um pouco legal associar a nossa imagem à sua. Imagine se eu teria essa cara de bebê com a idade que tenho se não fosse pela vida saudável que levo. Vamos então combinar: esqueça que existimos. Enfie esse nariz vermelho em outro lugar. Faça uma parceria com o Bozo.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Oh, Jeffrey!
Antes só do que mal acompanhado
Mais uma trama que se encerra. Foi difícil chegar ao fim. Dessa vez, entretanto, percebi que o fim não foi adiado. Pelo contrário: jamais sonhei tanto com uma conclusão. Já não agüentava mais. Não me fez bem. Má companhia. Complexa demais. Cruel. Enfadonha. Vaidosa em essência. É muito ruim quando se tem o compromisso de se dizer coisas belas, em estruturas milimetricamente calculadas. Perde-se a espontaneidade. Acho que foi isso. Logo eu, que aprecio a simplicidade das coisas! Como demorou chegar ao fim. Sinto um alívio dos diabos. Meu espírito, mais leve, encontra-se em festa.
Em geral, quando chego ao fim, sinto-me vazio. Dá um oco na alma, não sei. O que sinto agora, porém, é muito diferente. Eu me livrei de um fardo. Foi pesado demais tentar penetrar em seu universo tão hostil, quase árido. Doía-me os dedos ao tocar-lhe a superfície. Não posso negar que em algum ponto, de alguma forma, em alguma intensidade, nossos universos se tocaram. Houve choques e atritos, mas em alguns momentos aprendi alguma coisa. Algo se cauterizou aqui dentro. Só que jamais sentirei falta de sua companhia, insisto.
Inclino-me para trás na cadeira da estação de trabalho, respiro fundo, solto todo o ar, inspiro um pouco novamente e exclamo, aliviado: “Vai tarde, livro chato dos infernos!”
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Um táxi em chamas libera um nuvem de fumaça negra.
Vários param para filmar e fotografar com seus celulares.
Alguns exclamam: “Essa p#%* vai explodir!”
Ouvem-se risos discretos quando um policial de boa vontade aparece com uma mangueira que esguicha um quantidade ridícula de água.
A segunda tentativa dá certo.
O corpo de bombeiros chega logo em seguida.
Ninguém pergunta sobre a causa daquilo.
Ninguém quer saber se alguém morreu.
Muitos querem filmar.
Diversos querem fotografar.
Almirante Barroso. Hollywood por um dia.
Perigo Sobre Duas Rodas
O povo, reunido ali em volta daquela coisa amorfa, estava em transe, chocado, sem palavras. A cabeça no interior do capacete, com os olhos esbugalhados, era o único elemento humano da cena.
No chão, a gosma começava a fritar. Uma dúzia de paezinhos de queijo. 500 ml de Nescau. Três pés-de-moleque. Uma paçoca. Um Sonho de Valsa. Dois sanduíches de mortadela. E ainda não eram nem dez horas da manhã...
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
não me mandem cores: O Poder das Palavras Bem Utilizadas
Blogueiro que sou, passeio por alguns dos blogs que considero mais elegantes, intrigantes, bem-humorados, sacados... O contato com outras idéias me renova.
Ontem, como de costume, na esperança de arejar a cabeça e dar um tempo na tradução, dei uma passada no blog “não me mandem cores” (www.naomemandemcores.blogspot.com) que, apesar do nome, sempre me traz novos matizes e tons aos pensamentos e às idéias. Dei logo de cara com uma história simplesmente fascinante: Hotel La Guardia. Fazia tempo que eu não lia algo tão interessante, tão obscuro, tão cinematográfico. Heitor conseguiu tecer uma trama tão bem sacada, tão imprevisível e horripilante, que acabei sonhando com a história.
Conto bom é assim: consegue nos transportar para as linhas e das linhas para o espírito da narrativa. Eis o meu conceito de narrativa de qualidade: uma que permite que se abra um canal entre o leitor e a obra, tal que por um momento estabeleça-se uma confusão de papéis: ora sou leitor, ora autor. Não consigo me prender a nenhuma leitura que tenha sido claramente elaborada como passarela para um show de vaidades lingüísticas. Não é a complexidade ou a sofisticação da seleção vocabular que me atrai, mas a inteligência com a qual se faz o registro. Tenho a impressão de que o Heitor está por dentro deste conceito de sofisticação.
A história me fez pensar sobre os extremos a que pode-se chegar para ter-se alguém; como a posse física norteia nossas relações, em menores e maiores graus. O amor, como constructo, revela-se individual, narcisista e egoísta.
Em meu sonho, passei pelo corredor estreito ao lado da recepção abandonada e presenciei a cena do quarto. Estranhamente, a minha criação pôs o senhor besouro escondido atrás da porta, também observando, alimentando seu voyeurismo. Não cheguei a entrar, sequer vi o senhor besouro de fato – acho que meu inconsciente evitou aquela figura estranha, com cheiro de mofo. Bastou saber de sua presença ali.
Acho que isso dá um excelente filme. Espero ler mais coisas desse gênero! Show de bola.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Se não tem mais Carlton Cinza, que fumem Cobain!
Prioridades
Não há tempo hábil de combatê-la.
Pouco tempo há para coisas mais importantes.
Mas, o que seria tão importante?
Nada é tão importante.
Peraí... não é bem assim.
Amar é importante.
Trabalhar, também.
Trepar.
Pagar as contas.
Malhar.
Mas o dia só tem 18 horas.
Sim, porque dormir é igualmente importante.
O trabalho consome grande parte das dezoito horas...
A trepada ocupa grande parte do espaço mental, muito mais do que a esfera do real.
E aí? E a poeira, malandro?
Pior que não é só a poeira.
É o limo. Os rejuntes precisam ser limpos.
As teias. Como chateiam! Dão no saco. O saco! Tem que aparar esse troço.
Por que saio espalhando as coisas pelo apê? Passo um tempão procurando onde enfiei isso ou aquilo...
Ligo pro meu celular umas três vezes ao dia. Peraí. O som tá vindo do banheiro.
Caraca, por que levei essa porcaria pro banheiro? Por acaso aguardava a ligação de Dom Cocô? Ou, quem sabe, da Marquesa de Peidolândia, ameaçando guerra contra o Marquês de Luftal?
A máquina quebrou. Tem que levar a trouxa para a lavanderia. Onde vou arrumar tempo?
Ah, tempo, dá um tempo! Como você faz falta! Não me deixe na mão, cara.
As teias estão aí. Os pentelhos pentelham. Os prazos se esgotaram. Preciso de grana.
E a poeira se espalha.
Felicidade
Ela anda feliz ultimamente. Diz que vai colocar implantes. Os dentários estão completos. Agora faltam os dos seios e das nádegas. Tem que ser um de cada vez. Se colocar os dois ao mesmo tempo, não vai ter posição pra dormir: nem de costas nem de bruços.
Hoje de manhã tirei uma foto dela sorrindo. Tive que registrar essa felicidade, pois no sábado que vem, depois do Botox e da proteína labial, não vai dar mais pra saber se ela está sorrindo. Mas seus olhos estarão brilhando de felicidade. Tomara que ela não coloque as lentes azuis. Já garantiu que vai marcar salão na sexta que vem pra ver o tom que melhor combina com as lentes. Marcou almoço com as amigas no domingo. Passará pelo crivo de Alicia e de Carol, exigentes ao extremo. Carol indicou o cirurgião, Alicia, o salão.
Ando inseguro com tudo isso. Tenho medo de perdê-la. Ontem sonhei que ela estava me traindo com o Falcon. No sonho, peguei os dois no maior amasso. Quando cheguei mais perto, não era o Falcon; era o Max Steel...