quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Felatio Didático

Para quem ainda não aprendeu, aí vai uma explicação didática!

Silêncio


É, Bill... melhor ficar calado.

Parece que foi ontem

Sensualidade e religiosidade de mãos dadas na pista. Inesquecível.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Pelos Ares


Chega a rampa. O coração pede mais. Quero saltar daqui. Quero voar. Atravessar aquelas nuvens ali na frente. Quando o chão desaparece, sinto um frio na barriga. Não fecho os olhos. Mantenho-os abertos. Bem abertos para ver este céu e essa cidade lá embaixo. Formigueiro. Que maneiro! Por que não fiz isto antes? Abro os braços e por um instante imagino que a asa é minha. Ignoro o que me mantém pendurado aqui. O vento frio acompanha toda a brincadeira. Por mais de vinte minutos sou dono do céu. Por uma eternidade guardarei este momento registrado. Ao aterrissar, o coração pede mais. Como poderei voltar a andar? O jeito é marcar outro vôo.

Fase


Ressecado. Daqui não sai nada. Ou quase nada. Cabeça tomada. Medo. Preocupação. Mudanças. Quando começou? Não sei. Eu continuo aqui. Você transita. Penso. Reflito. Preciso. Hidratar. Água. Arte. Sexo. Elétrons. Fóton. Paciência. Não espero. Vou. Quero. Sair daqui. Falta luz. Falta de ar. Falta você. Falta eu. Paraliso. Cerro as pálpebras. Chegou. Lubrificação. Precisava. Disso. Hidrato. Reflito. Re-significo. Re-equilibro. Refaço. Desagradável. Ficar. Assim. Ressecado.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Rio de Janeiro da Abstenção


Para mais de vinte por cento da população carioca, o último domingo foi muito especial. Aproveitando o feriado prolongado – resultado do dia do servidor público – esses cariocas “gente boa” fizeram questão de se esquecer que o domingo era um dia decisivo para a cidade. Trocaram as urnas pelas dunas, pela água de coco na praia, pelas churrascarias, pela chopada com os amigos “gente fina”. Trocaram a preocupação coletiva pelos interesses individuais.
Enquanto isso, a cidade padece. Como se já não bastasse a falta de segurança, saúde, educação e de serviços de qualidade, o Rio de Janeiro padece da falta de interesse de seus cidadãos ou, pelo menos, de uma considerável parte deles.
É provável que se tratem dos mesmos cidadãos que abrem as janelas de suas picapes e atiram latas de cerveja na rua. É quase certo que sejam os primeiros a reclamar das faltas e os últimos a levantar um dedo para fazer qualquer coisa para melhorar. Certamente parte deles são aqueles mesmos seres esquisitos que aparentam estar sempre deprimidos e odiarem o que fazem. Aqueles mesmos que começam a trabalhar às nove. Que lutaram muito para passar em um concurso e garantir “estabilidade”, pois já sonhavam em nada fazer. Hoje, sem fazer nada para mudar, passam o dia inteiro falando mal das empresas onde trabalham.
Viva o carioca gente boa! Viva a falta de cidadania! Salve o resmungão imbecil!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Oh, Jeffrey! (2)


“Quando exatamente você tira as meias, cara? Vá por mim: tire-as assim que tirar os sapatos e antes de tirar a calça. Esse aí é o momento propício. Se você perder a oportunidade, quando for ver, está pelado de meia. Nenhuma mulher que se dê o respeito vai querer dar para um cara pelado de meia.”

“Cara, que alucinante ser lésbica, já pensou? Usufruir de todas as vantagens de ser homem, só que com genitais menos constrangedoras.”

“Quando era pequeno, eu esfregava um pedaço de papel na cara depois de ter escrito a palavra ‘pelada’ umas cem vezes.”


Jeff Murdock

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pra você




Ela é puro id: sensibilidade em ebulição.

Seus olhos sempre atentos parecem dois faróis brilhantes, ou talvez duas lentes capturando tudo ao seu redor.

Ela não conhece o que é comum. Já cruzou a linha e sempre volta, sempre elegante, linda.

Deve causar um enorme mal-estar entre as pessoas mornas, que evitam o calor da areia e preferem sentar-se na toalha. Ela, no entanto, é a praia completa: desde a areia escaldante ao oceano agitando-se em um turbilhão, levando e trazendo os surfistas que se aventuram em suas idéias, emoções, poesias.

Poetiza, cantora, contadora, encantadora... mulher.

Impossível ignorar sua presença. Difícil não ser envolvido em seu encanto.

Luz. Lúdica. Luminosa. Lunar. Lúcida. Lu.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Êta, mundo cão!


Na infância, um cara testemunha o estupro de um companheirinho e não faz nada para impedir o ato; mais tarde descobre que o moleque era seu irmão. Na idade adulta, depois de um longo afastamento, fica sabendo que o infeliz estuprado já morreu e que deixou um filho – seu sobrinho – num orfanato.

Cara, todo esse cenário está muito longe de meu conceito de entretenimento. Não sei como, mas acabei criando um vínculo de diversão com livros e filmes. Gosto de assistir a um filme que me tire da realidade. Adoro ler um livro que faça o mesmo. Jamais compraria um livro ou alugaria um filme com a certeza de que o conteúdo me faria chorar ou causaria qualquer mal-estar. Dou conta de meus ímpetos sado-masoquistas na academia, de onde saio me sentindo bem e não com um nó na garganta. Fico meio sem-graça quando alguém começa a falar com muito entusiasmo sobre um livro cujo teor é tão deprimente. Dá vontade de mandar o cara malhar. 

Etílico


Lá, o mundo se desmorona, com as ações despencando; aqui, eu perco o controle das minhas. Entro em modo automático e vou pairando no universo. Pairo e piro. A função reguladora, que envia todos os comandos de lei e ordem, entra em estágio de latência. Digo o que penso. Expresso. Beijo. Abraço. Experimento um diferente universo de sensações, trocas, música, sorrisos, dança. As sinapses, que já não funcionam ordenadamente, passam a se comportar feito um curto-circuito. Ora sinto-me extremamente alerta, ora sou tomado por um completo torpor. Ainda não entendendo como o corpo vai. Só sei que ele vai. Desloca-se.
No dia seguinte, renasço. Quando não me viro do avesso, embolo-me e viajo em mim mesmo. Repenso. Revejo. Re-avalio. O final da noite volta-me à tela mental em forma de flashes. Rápidos. Distorcidos. Retorcidos. A viagem mudou sua essência desde quando deixei os vinte e poucos para trás. Daqui a pouco terei de abandoná-la, pois temo que o curto-circuito alcance um estado irreversível. Aqui, a história é bem diferente da bolsa. Aqui o pacote é outro.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Historiador contratado por Ronald


"Eram jovens capitalistas que, longe de desenvolver uma cultura jovem, exploraram os jovens promovendo uma cultura de adoração cega dos admiradores, vozerio insensato e consumismo passivo entre os adolescentes."
David Fowler, historiador, sobre os Beatles e os Rolling Stones - Universidade de Cambridge

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Sexo Seguro


"Faça sexo seguro: segure no meu sexo"
"Faça sexo seguro: transe com um segurança"

Frases de pára-choque de caminhão

Sobre a Crise Norte-Americana


"Todo galo tem seu dia de canja"
José Simão

Parece que foi ontem

Alyson Moyet encantou muito com suas canções nos anos oitenta. Sua voz poderosa associada ao trabalho do ex-Depeche Mode, ex-Erasure Vince Clarke resultou em um trabalho inesquecível (Yazoo). Nobody's Diary marcou época e aqui no Brasil a canção foi incluída na trilha sonora internacional da novela Guerra dos Sexos. Gostei muito de descobrir este vídeo e de relembrar a canção. 

H E L P ! ! !


Ah, essa agora, Ronald! Que audácia, usar a minha banda para vender hambúrgueres. Caso não tenha se dado conta ainda, minha banda sempre foi um ícone de saúde. Enquanto estivemos juntos, mantivemo-nos no compromisso de vender uma atitude a ser seguida pelos jovens de todo o mundo. Éramos todos saudáveis. Amarelo só o submarino, que jamais afundou.

Não me venha com essa palhaçada agora de usar nossa imagem para vender frituras, muito menos carne de boi. Fico verde de raiva. Meu negócio é verdura. Legume mesmo. Não acho nem um pouco legal associar a nossa imagem à sua. Imagine se eu teria essa cara de bebê com a idade que tenho se não fosse pela vida saudável que levo. Vamos então combinar: esqueça que existimos. Enfie esse nariz vermelho em outro lugar. Faça uma parceria com o Bozo. 

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Oh, Jeffrey!


Não há nada que a raça humana admire mais do que uma bunda. Gostamos das nossas e das dos outros. Adoramos ver uma bunda na capa de uma revista. Nem bunda de bebê escapa. Quando estamos sós, curtimos dar uma coçadinha na bunda. Perto de uma fogueira ou de uma lareira, gostamos de aquecê-la. E quem entre nós em um momento solitário nunca enfiou a mão lá, discretamente, para dar uma acariciada? Adoramos nossas próprias bundas. Quando Deus nos deu o traseiro, decidiu colocá-lo do lado de trás para que não passássemos o dia inteiro sentados, olhando para ele. Pois quando Deus criou a bunda, Ele não disse: ‘Eis então mais uma dobra. Por hoje é só’. Ele disse: ‘Olhem para isso, anjos dos céus: acabo de criar a bunda. Por toda a eternidade, homens e mulheres agarrar-se-ão a ela e gritarão meu nome’.” 

Jeff Murdock

Esta não pára de tocar na minha cabeça hoje

Antes só do que mal acompanhado


Mais uma trama que se encerra. Foi difícil chegar ao fim. Dessa vez, entretanto, percebi que o fim não foi adiado. Pelo contrário: jamais sonhei tanto com uma conclusão. Já não agüentava mais. Não me fez bem. Má companhia. Complexa demais. Cruel. Enfadonha. Vaidosa em essência. É muito ruim quando se tem o compromisso de se dizer coisas belas, em estruturas milimetricamente calculadas. Perde-se a espontaneidade.  Acho que foi isso. Logo eu, que aprecio a simplicidade das coisas! Como demorou chegar ao fim. Sinto um alívio dos diabos. Meu espírito, mais leve, encontra-se em festa.

Em geral, quando chego ao fim, sinto-me vazio. Dá um oco na alma, não sei. O que sinto agora, porém, é muito diferente. Eu me livrei de um fardo. Foi pesado demais tentar penetrar em seu universo tão hostil, quase árido. Doía-me os dedos ao tocar-lhe a superfície. Não posso negar que em algum ponto, de alguma forma, em alguma intensidade, nossos universos se tocaram. Houve choques e atritos, mas em alguns momentos aprendi alguma coisa. Algo se cauterizou aqui dentro. Só que jamais sentirei falta de sua companhia, insisto.

Inclino-me para trás na cadeira da estação de trabalho, respiro fundo, solto todo o ar, inspiro um pouco novamente e exclamo, aliviado: “Vai tarde, livro chato dos infernos!”   

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Hollywood é Aqui







Almirante Barroso, centro do Rio. 12:45. Sexta, 3 de outubro de 2008.
Um táxi em chamas libera um nuvem de fumaça negra.
Vários param para filmar e fotografar com seus celulares.
Alguns exclamam: “Essa p#%* vai explodir!”
Ouvem-se risos discretos quando um policial de boa vontade aparece com uma mangueira que esguicha um quantidade ridícula de água.
A segunda tentativa dá certo.
O corpo de bombeiros chega logo em seguida.
Ninguém pergunta sobre a causa daquilo.
Ninguém quer saber se alguém morreu.
Muitos querem filmar.
Diversos querem fotografar.
Almirante Barroso. Hollywood por um dia.

Perigo Sobre Duas Rodas


A coisa tinha sido feia. Eram nove e meia da manhã quando esborrachou-se no asfalto quente. A moto foi parar no inferno. Ao colidir no chão, explodiu, formando uma poça de sangue e gordura. Mais gordura do que sangue. Sobrara apenas a cabeça no capacete pra contar história. Qual seria a sua história? Aonde ia com tanta pressa? Como conseguia equilibra-se na moto? Quem sentiria sua falta?
O povo, reunido ali em volta daquela coisa amorfa, estava em transe, chocado, sem palavras. A cabeça no interior do capacete, com os olhos esbugalhados, era o único elemento humano da cena.
No chão, a gosma começava a fritar. Uma dúzia de paezinhos de queijo. 500 ml de Nescau. Três pés-de-moleque. Uma paçoca. Um Sonho de Valsa. Dois sanduíches de mortadela. E ainda não eram nem dez horas da manhã...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

não me mandem cores: O Poder das Palavras Bem Utilizadas


Sou facilmente seduzido pelas palavras, sobretudo quando bem organizadas, de maneira elegante, bacana, quer estejam escritas ou sejam verbalizadas. Impressiono-me com o que ouço e leio, desde que siga esse padrão de organização, síntese e elegância.
Blogueiro que sou, passeio por alguns dos blogs que considero mais elegantes, intrigantes, bem-humorados, sacados... O contato com outras idéias me renova.
Ontem, como de costume, na esperança de arejar a cabeça e dar um tempo na tradução, dei uma passada no blog “não me mandem cores” (www.naomemandemcores.blogspot.com) que, apesar do nome, sempre me traz novos matizes e tons aos pensamentos e às idéias. Dei logo de cara com uma história simplesmente fascinante: Hotel La Guardia. Fazia tempo que eu não lia algo tão interessante, tão obscuro, tão cinematográfico. Heitor conseguiu tecer uma trama tão bem sacada, tão imprevisível e horripilante, que acabei sonhando com a história.
Conto bom é assim: consegue nos transportar para as linhas e das linhas para o espírito da narrativa. Eis o meu conceito de narrativa de qualidade: uma que permite que se abra um canal entre o leitor e a obra, tal que por um momento estabeleça-se uma confusão de papéis: ora sou leitor, ora autor. Não consigo me prender a nenhuma leitura que tenha sido claramente elaborada como passarela para um show de vaidades lingüísticas. Não é a complexidade ou a sofisticação da seleção vocabular que me atrai, mas a inteligência com a qual se faz o registro. Tenho a impressão de que o Heitor está por dentro deste conceito de sofisticação.
A história me fez pensar sobre os extremos a que pode-se chegar para ter-se alguém; como a posse física norteia nossas relações, em menores e maiores graus. O amor, como constructo, revela-se individual, narcisista e egoísta.
Em meu sonho, passei pelo corredor estreito ao lado da recepção abandonada e presenciei a cena do quarto. Estranhamente, a minha criação pôs o senhor besouro escondido atrás da porta, também observando, alimentando seu voyeurismo. Não cheguei a entrar, sequer vi o senhor besouro de fato – acho que meu inconsciente evitou aquela figura estranha, com cheiro de mofo. Bastou saber de sua presença ali.
Acho que isso dá um excelente filme. Espero ler mais coisas desse gênero! Show de bola.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Se não tem mais Carlton Cinza, que fumem Cobain!



Era só o que me faltava: fiquei sabendo que a artista Natascha Stellmach está decidida a fumar as cinzas de Kurt Cobain no dia 11 de outubro. Diz que com isso pretende libertar o espírito do cantor, atormentado pela mídia. Acho que na verdade ela deseja fazer o que não fez antes: fumá-lo mesmo. E que história é essa de espírito atormentado pela mídia??? É cada uma que me inventam... Sei não, mas isso tá cheirando a espírito de porco. O que o povo não faz para ser atormentado pela mídia!

Prioridades




A poeira vai se espalhando, invadindo todo o espaço...
Não há tempo hábil de combatê-la.
Pouco tempo há para coisas mais importantes.
Mas, o que seria tão importante?
Nada é tão importante.
Peraí... não é bem assim.
Amar é importante.
Trabalhar, também.
Trepar.
Pagar as contas.
Malhar.
Mas o dia só tem 18 horas.
Sim, porque dormir é igualmente importante.
O trabalho consome grande parte das dezoito horas...
A trepada ocupa grande parte do espaço mental, muito mais do que a esfera do real.
E aí? E a poeira, malandro?
Pior que não é só a poeira.
É o limo. Os rejuntes precisam ser limpos.
As teias. Como chateiam! Dão no saco. O saco! Tem que aparar esse troço.
Por que saio espalhando as coisas pelo apê? Passo um tempão procurando onde enfiei isso ou aquilo...
Ligo pro meu celular umas três vezes ao dia. Peraí. O som tá vindo do banheiro.
Caraca, por que levei essa porcaria pro banheiro? Por acaso aguardava a ligação de Dom Cocô? Ou, quem sabe, da Marquesa de Peidolândia, ameaçando guerra contra o Marquês de Luftal?
A máquina quebrou. Tem que levar a trouxa para a lavanderia. Onde vou arrumar tempo?
Ah, tempo, dá um tempo! Como você faz falta! Não me deixe na mão, cara.
As teias estão aí. Os pentelhos pentelham. Os prazos se esgotaram. Preciso de grana.
E a poeira se espalha.

Felicidade


Ela anda feliz ultimamente. Diz que vai colocar implantes. Os dentários estão completos. Agora faltam os dos seios e das nádegas. Tem que ser um de cada vez. Se colocar os dois ao mesmo tempo, não vai ter posição pra dormir: nem de costas nem de bruços.
Hoje de manhã tirei uma foto dela sorrindo. Tive que registrar essa felicidade, pois no sábado que vem, depois do Botox e da proteína labial, não vai dar mais pra saber se ela está sorrindo. Mas seus olhos estarão brilhando de felicidade. Tomara que ela não coloque as lentes azuis. Já garantiu que vai marcar salão na sexta que vem pra ver o tom que melhor combina com as lentes. Marcou almoço com as amigas no domingo. Passará pelo crivo de Alicia e de Carol, exigentes ao extremo. Carol indicou o cirurgião, Alicia, o salão.
Ando inseguro com tudo isso. Tenho medo de perdê-la. Ontem sonhei que ela estava me traindo com o Falcon. No sonho, peguei os dois no maior amasso. Quando cheguei mais perto, não era o Falcon; era o Max Steel...

Bem-vindo, outubro.