quinta-feira, 16 de abril de 2009

Como Matar o Chefe





Eis uma antiga obsessão pertinente à fantasia de muitos subalternos: como aniquilar, extinguir, dar cabo do chefe.
Nunca tive um chefe – pelo menos não por muito tempo. Calma! Não dei cabo de nenhum! É que nas poucas empresas onde trabalhei, antes de trilhar o caminho da autonomia, encontrei alguns loucos que, baseados em critérios ainda metafísicos para meu pobre raciocínio, me promoveram a algum cargo de chefia.
Achei um saco chefiar. Respeito quem diz por aí: “Adoro trabalhar com pessoas”, mas tenho outro discurso: “Adoro trabalhar com pessoas bacanas”. E é difícil encontrarem-se muitas delas. “Pessoas bacanas” no âmbito profissional, pelo menos para mim, não quer dizer “amigas”, pois não acho que ninguém deva ir ao trabalho para fazer amigos, mas para trabalhar. No Brasil, é quase obrigatório fazerem-se amigos no trabalho. Só que numa análise mais cuidadosa, observa-se que aqui “fazer amigos” no trabalho é uma forma de escoar a energia psíquica advinda da ansiedade persecutória imposta pela consciência de que não se está fazendo o que deveria. “Amigos” no escritório acabam sendo “Cúmplices”. E ai daquele que cumprir com as funções para a qual é pago. É logo taxado de “esquisito” ou pé-no-saco.
Pessoas bacanas no âmbito profissional são aquelas que não precisam ser lembradas do que foram contratadas para fazer. Pessoas com noção. Que respeitam o tempo dos outros. Raramente se atrasam. Gostam de trabalhar.
Bem, voltando à tal obsessão homicida dirigida ao chefe, imagino que haja duas fontes para tal loucura.
Primeiro, é provável que o poder exerça uma força negativa sobre quem está chefiando, de maneira que o sujeito acabe agindo como um verdadeiro cretino, que tenta tirar vantagens dos outros, explorar as pessoas, desrespeitá-las. Conheci uma chefe assim. Leu direito? Eu disse UMA. Isso mesmo. E pior que a mulher faz isso tudo sorrindo. Só um olhar clínico para perceber que ela é uma cretina, uma déspota esclarecida. Acho que ela ainda não se tocou de que sua grandeza só é visível em empresas pequenas e que um bando de pessoas com baixíssima autoestima a cercam.
Segundo, é possível que o chefe cumpra um papel incômodo de lembrar aos subalternos que eles têm de trabalhar. Simples, não? Daí todos querem vê-lo a sete palmos, pelo menos (acho) metaforicamente.
Estou louco para botar as mãos neste livro – 101 Ways to Kill Your Boss - de Graham Roumieu. Já estou à caça. Sempre achei o ambiente corporativo assim... digamos.... circense. O livro deve ser delicioso. Roumieu é um ilustrador de primeira. Boa sorte aos chefes!

2 comentários:

Roberto Madeira disse...

Mas tem chefe que merece levar uma surra, meu irmão!

Jota disse...

Eu tambem nao sou chegado a amizade no escritório. Quero mais é chegar lá, fazer o que tem que fazer e ralar.
Mas cara, voce complicou minha cabeça um pouco. O que quer dizer com "uma forma de escoar a energia psíquica advinda da ansiedade persecutória imposta pela consciência de que não se está fazendo o que deveria"?