sábado, 22 de novembro de 2008

E lá se vai mais um espelho!

Curioso como nossos amigos tornam-se proprietários de partes muito nossas, de nosso eu, nossa alma. No curso de nossas histórias juntos, acabamos confiando-lhes a posse do que somos (quase) sem filtros. Isso fica muito claro sobretudo quando eles se vão.
Esta semana ao me despedir de um grande amigo que está se mudando para a Austrália com a esposa e dois filhos, senti um vazio, um incômodo, sei lá. Ao analisar o sentimento, me peguei pensando em tudo que compartilhei com o cara e conclui, de alguma forma, que ele está levando consigo uma definição do que sou.
Talvez então seja isso! Nossos amigos nos definem . Todas as vezes que nos encontramos, olhamo-nos e trocamos idéias, renovamo-nos, numa relação especular onde eles precisam de nosso olhar e nós, o deles. Estamos ali, lembrando-nos mutuamente de quem somos; lembrando-nos dos compromissos que assumimos com uma imagem, uma persona, uma estampa, uma fachada, um grupo.
Meu grupo está menor hoje. Ainda que o conceito de mim que o Junior está levando para o outro lado do mundo não morra, ainda assim esse conceito não vai mais corroborar quem sou, pois o espelho estará distante demais para que eu veja meu reflexo.
Abração, amigo! Boa sorte nesta nova empreitada!

Um comentário:

lu disse...

adorei essa reflexão... vc sabe mesmo ser um amigo pra valer... e eu, todo fim de ano é a mesma coisa... lembro demais dos amigos de agora e de outrora e as saudades parecem maiores que durante o resto do ano... aliás, tô morrendo de saudade d'ocê/doce!!!