terça-feira, 24 de junho de 2008

O ponta-pé inicial

Vim de uma cidade com muitas ladeiras e poucos morros. Quando cheguei aqui, a primeira coisa que chamou minha atenção foi essa topografia sensual, cheia de movimentos, curvas, ziguezagues, baías, espelhos d’água refletindo esse teto que quando acinzenta-se, entristece as minhocas. Ah, Rio de Janeiro! Que coisa mais linda é você. A garota de Ipanema é um símbolo perfeito de sua beleza. Só que você não deixa de ser puta, também! Quanto mais abonada a conta corrente do visitante, mais ardentes seus afagos. Dou-lhe um desconto. Ninguém é perfeito. E aguardo um desconto substancial para poder trepar nesse pão doce de bondinho toda semana. E quando lá em cima eu estiver, semanalmente, lambendo os lábios, prometo sussurrar-lhe no ouvido que és maravilhosa! Que apesar dos pontos brilhantes que hoje cobrem seus morros muito mais do que há vinte e dois anos, você ainda me encanta.

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