terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Do Começo ao Fim: Anatomia da Homossexualidade

Recentemente assisti a um filme intitulado Do Começo ao Fim que, aparentemente, conta a história de “dois irmãos” homens que compartilham um amor mútuo tão grande que acabam vivendo uma história de amor carnal.

Ora, a homossexualidade implica, essencialmente, na atração pelo outro que compartilha das mesmas formas anatômicas, em um narcisismo extremo. A relação especular (de espelho mesmo) aqui encontra sua expressão máxima. O amor de W por UU é precedido por uma aventura na frente do espelho antes de tudo. Ao cruzar com o olhar de UU, W não sabe se quer tê-lo ou se quer sê-lo, sentimento esse talvez compartilhado por ambos. W e UU partem para a busca dos “noves fora”. O ideal, para W é que UU seja W e vise-versa. O máximo do conforto para esses dois é a fusão ora simbiótica, ora perfeitamente especular. O modelo dos “irmãos”, sangue um do outro, é simplesmente perfeito, o amor ideal, o ápice da semelhança e do conforto homossexual.

O que causa repulsa na maioria dos espectadores é o suposto incesto. Suposto visto que, sob a ótica lírica adotada pela própria narrativa, não há dois, muito menos irmãos. Do Começo ao Fim é uma aula de anatomia da homossexualidade. Percebe-se isso claramente ao se analisar detalhes como: na infância, quem se destaca na piscina é o “irmão mais velho”, ao passo que o “irmão mais novo” se recusa a comparecer a algumas aulas de natação. Na idade adulta, o “irmão mais novo” é quem viaja para nadar no exterior.

Todos, sem exceção, ao redor deste “par”, aceitam a condição com profunda naturalidade. Não há dois caras ali. O que as pessoas aceitam com tamanha naturalidade é a homossexualidade de um. Pois talvez seja isso. Talvez seja essa a busca do homossexual em seu extremo narcisismo: encontrar mais do que sua cara-metade, mas outra cara como a dele.

Sai do cinema com a sensação de ter assistido a uma aula de anatomia psíquica.

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