quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

E chega uma nova década!

Numa década marcada pelas balas perdidas e durante a qual o tiro na cabeça “chegou para ficar”, é um milagre estar vivo em 2009.

É muito bom olhar para trás e achar que, apesar das balas perdidas, dos desencontros amorosos e das crises econômicas, estou melhor hoje do que em 2000. Sobretudo porque não fui atingido pelas balas, desencontrei-me de quem não valia a pena, e a crise no Brasil foi apenas uma “marola”.

O que aprendi nesta primeira década deste milênio é que se eu não abrir os olhos, caio em armadilhas diariamente. A geração BBB inaugurou a era do fake escancarado. O fake que chega a dar dor no saco. Pior é que cheguei, no início da década, a me apaixonar pela pessoa mais fake que já conheci. Até o sorriso dela é calculado. Graças a Deus é 2009, quase 2010! E graças a Deus não precisei viver na pele as consequências das falcatruas dela. Ela que se vire agora e que Deus abra os olhos de quem dela se aproximar (tá ferrado!)
Entretanto, apesar da porrada na cabeça, eu me emocionei com a “aparição” de Susan Boyle. Hoje, não sei se quero que ela morra ou se tento me perdoar pela inocência tardia. O certo é que preciso parar de acreditar em tudo quanto é merda que me aparece à frente. Mendigo pedindo dinheiro? Fake. Freira pedindo ajuda para obra? Fake. Presidente do povo, para o povo e que veio do povo? Fake. Os seios da Sabrina? Fake. O peitoral do Junior? Fake. Suplementos alimentares de laboratórios brasileiros? FAKE!!!

Melhor parar de acreditar mesmo. Questionar sempre e pronto, acabou.

Acabou a década. Não sei se espero chegar ao seu final vivo. Se for para viver, que seja com saúde e sem nenhuma sequela de tiros nem facadas. Que seja amando alguém de qualidade (como estou agora) ou simplesmente só.

Que 2010 nos traga milhares de motivos para sorrir. Que seja inaugurada a década da paz (queria muito acreditar nisso... mas é difícil!)

Melhor simplesmente desejar o mais simples: que eu continue incólume a tanta porcaria. Deus me livre e guarde.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Do Começo ao Fim: Anatomia da Homossexualidade

Recentemente assisti a um filme intitulado Do Começo ao Fim que, aparentemente, conta a história de “dois irmãos” homens que compartilham um amor mútuo tão grande que acabam vivendo uma história de amor carnal.

Ora, a homossexualidade implica, essencialmente, na atração pelo outro que compartilha das mesmas formas anatômicas, em um narcisismo extremo. A relação especular (de espelho mesmo) aqui encontra sua expressão máxima. O amor de W por UU é precedido por uma aventura na frente do espelho antes de tudo. Ao cruzar com o olhar de UU, W não sabe se quer tê-lo ou se quer sê-lo, sentimento esse talvez compartilhado por ambos. W e UU partem para a busca dos “noves fora”. O ideal, para W é que UU seja W e vise-versa. O máximo do conforto para esses dois é a fusão ora simbiótica, ora perfeitamente especular. O modelo dos “irmãos”, sangue um do outro, é simplesmente perfeito, o amor ideal, o ápice da semelhança e do conforto homossexual.

O que causa repulsa na maioria dos espectadores é o suposto incesto. Suposto visto que, sob a ótica lírica adotada pela própria narrativa, não há dois, muito menos irmãos. Do Começo ao Fim é uma aula de anatomia da homossexualidade. Percebe-se isso claramente ao se analisar detalhes como: na infância, quem se destaca na piscina é o “irmão mais velho”, ao passo que o “irmão mais novo” se recusa a comparecer a algumas aulas de natação. Na idade adulta, o “irmão mais novo” é quem viaja para nadar no exterior.

Todos, sem exceção, ao redor deste “par”, aceitam a condição com profunda naturalidade. Não há dois caras ali. O que as pessoas aceitam com tamanha naturalidade é a homossexualidade de um. Pois talvez seja isso. Talvez seja essa a busca do homossexual em seu extremo narcisismo: encontrar mais do que sua cara-metade, mas outra cara como a dele.

Sai do cinema com a sensação de ter assistido a uma aula de anatomia psíquica.

Treva



Não fosse pela pulsão insistente.
Fosse eu tudo o que você projetou de si em mim
Talvez eu contemplasse outra possibilidade
Quem sabe eu não pudesse largar esta estação
e cruzar a cordilheira que tanto temo
Mas já é tarde e o estômago ronca
A noite assola e assusta
Minha cama me espera
Meu amor me aguarda
Meu saco estourou
Depois tento fazer contato
Depois que eu tiver contactado a mim mesmo
E compreendido por quê insisto