Você conhece alguém que fala mais de tristezas do que de alegrias?
Com as diversas ditaduras que experimentamos no dia a dia, é natural que a tristeza se instale frente à impossibilidade de darmos conta de tantas expectativas: da beleza à produtividade. Às vezes é inevitável que a gente caia no círculo vicioso da queixa. Precisamos compartilhar a dor com os outros como forma terapêutica. E o que dizer daqueles que só se queixam? Como diferenciar as pessoas que precisam trocar uma ideia sobre um problema com o honesto propósito de resolvê-lo daquelas cuja vida é um eterno purgatório, sem chance de saída?
Há muitas pessoas sedutoras que conseguem cativar uma plateia para seu espetáculo de queixumes. Suas presas não se dão conta de que estão sendo alvo de maníacos que aprenderam a “presentear” os “amigos” com relatos aviltantes e uma serenata de amarguras que parecem não ter solução. Em geral, repetem padrões que aprenderam com os pais na infância.
É muito natural que o ouvinte se sinta frustrado e impotente ao ver refutadas todas as suas sugestões para uma possível resolução do rosário de mi-mi-mi. Este é o “presente” que o queixoso compulsivo deseja receber da plateia: ver todos impotentes e frustrados, convencidos de que ele, o queixoso, é um desgraçado ou, no extremo oposto, um guerreiro que, apesar de todas as mazelas insolúveis, continua firme e forte e, volta e meia, tenta convencer a todos de sua “alegria”.
Todos esses processos são inconscientes! O queixoso compulsivo não faz isso de propósito. No entanto, é preciso cautela ao lidar com ele, para que não se tenham esperanças de ajudá-lo de fato. A questão é o que fazer com as queixas desses maníacos. Acredite: absolutamente nada! Não se desespere! Não tente ajudá-los! Não há solução! A solução será uma psicoterapia à qual o queixoso compulsivo se submeterá após se dar conta de seu problema. De resto, é aproveitar os momentos – raros – em que ele fala de coisas leves e valorizá-los ao máximo.