quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Adrem


Todas as manhãs, muito antes do sol despontar lá na casa do cacete, Adrem já causava uma corrente de adrenalina no cara. Seu som estridente era irritante, enlouquecedor.
Adrem parecia feliz. O cara, coitado, não sabia o que fazer.
Muitos diriam que Adrem era a expressão da obra do Senhor.
O cara diria que Adrem tinha surgido das profundezas do inferno em chamas. Pensava inclusive que ele emitisse tão irritante som como reflexo da ardência que sentia no rabo causada pelas chamas.
Tão logo o céu clareava, Adrem desaparecia, evaporava.
O cara comprou uma pistola. A antena, obsoleta para todos no prédio, e que ficava exatamente na direção da janela do quarto do cara, era o lugar onde Adrem fazia a festa. O cara jogou uma água no rosto para clarear a visão. Mirou com todo cuidado. Adrem deu sorte.
Oito manhãs se seguiram, e nada.
Adrem continuava com sua rotina imbecil, vazia e inútil.
Totalmente equipado, o cara decide ir lá em cima. Cuidado. Perigo. Tensão. Medo. Vento. Parafusos. Fios. Chave de fenda. Era uma vez uma antena.
Era uma vez Adrem. Esse foi pra PQP.
Se tiver sido obra do Senhor, Adrem é a prova viva de que Deus é um piadista. E de que nem toda piada divida é de bom gosto.
Senhor, ainda há tempo de corrigir este erro estúpido. Extinção JÁ!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Andei fora


Andei fora. Não andei off. Andei on. Muito on. Mais intrigante de tudo: andei on com um fake. Nunca fiz tantos amigos. Em menos de um mês o grupo de amigos do meu fake aumentou, inchou. De repente, havia quase 300 amigos. Todos fake. Gente querendo curtir uma brincadeira. Gente que manda piada diariamente. Um fake que faz aniversário todos os dias. Amigos fake que dão um oi todos os dias. Fakes que marcam namoro e casamento com fakes. Trocam mensagens carinhosas.
Descobri um universo cibernético paralelo do qual gostei muito. Fiquei sem entrar no meu próprio perfil. Lá ninguém usa máscara e ninguém se revela. Fiz uma nova amiga a partir do fake. Amiga que só se comunica pelo fake. É mais divertido.
Fake é divertido. É amigo. E quer enlouquecidamente que os amigos fakes se revelem. Mas aí acaba a graça. Acaba a brincadeira. Ser fake é brincar com um lado seu que de fato existe em algum nível.
Por enquanto continuarei investindo naquelas amizades. Os fakes são mais presentes. Mais carinhosos. Muito, muito mais legais.