segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Você conhece alguém que fala mais de tristezas do que de alegrias?
 

Com as diversas ditaduras que experimentamos no dia a dia, é natural que a tristeza se instale frente à impossibilidade de darmos conta de tantas expectativas: da beleza à produtividade. Às vezes é inevitável que a gente caia no círculo vicioso da queixa. Precisamos compartilhar a dor com os outros como forma terapêutica. E o que dizer daqueles que só se queixam? Como diferenciar as pessoas que precisam trocar uma ideia sobre um problema com o honesto propósito de resolvê-lo daquelas cuja vida é um eterno purgatório, sem chance de saída?


Há muitas pessoas sedutoras que conseguem cativar uma plateia para seu espetáculo de queixumes. Suas presas não se dão conta de que estão sendo alvo de maníacos que aprenderam a “presentear” os “amigos” com relatos aviltantes e uma serenata de amarguras que parecem não ter solução. Em geral, repetem padrões que aprenderam com os pais na infância. 

É muito natural que o ouvinte se sinta frustrado e impotente  ao ver refutadas todas as suas sugestões para uma possível resolução do rosário de mi-mi-mi.  Este é o “presente” que o queixoso compulsivo deseja receber da plateia: ver todos impotentes e frustrados, convencidos de que ele, o queixoso, é um desgraçado ou, no extremo oposto, um guerreiro que, apesar de todas as mazelas insolúveis, continua firme e forte e, volta e meia, tenta convencer a todos de sua “alegria”. 

Todos esses processos são inconscientes! O queixoso compulsivo não faz isso de propósito. No entanto,  é preciso cautela ao lidar com ele, para que não se tenham esperanças de ajudá-lo de fato. A questão é o que fazer com as queixas desses maníacos. Acredite: absolutamente nada! Não se desespere! Não tente ajudá-los! Não há solução! A solução será uma psicoterapia à qual o queixoso compulsivo se submeterá após se dar conta de seu problema. De resto, é aproveitar os momentos – raros – em que ele fala de coisas leves e valorizá-los ao máximo.  


terça-feira, 3 de setembro de 2013

Nada. Quero. Zero. Zero grau. Sim. Puro torpor. Tudo.

domingo, 1 de setembro de 2013

Deus abençoe Porta dos Fundos, Rivotril, Cabernet, Big Ned, Diary of a Wimpy Kid e Five against one!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Fórmula da Paixão X Fórmula do Amor

 

1. Fórmula da Paixão:

 

fórmula

 

2. Fórmula do Amor:

 

fórmula2

 

Ah, como é difícil amar…

domingo, 10 de abril de 2011

Novas Lendas Urbanas Para os Novos Tempos

· Aquele cara ficou saradão tomando albumina, whey protein, creatina e comendo batata doce.
· Aquela gata que paga de gostosa e se faz de difícil é boa de cama.Lendas 2
· O Rio de Janeiro está pacificado.
· Marília Gabriela conhece ex-gays.
· Estamos vulneráveis a 12 problemas bucais caso não usemos Colgate.
· Sexo com camisinha é sexo seguro (seguro só sexo com algemas ou onanismo).
· A bíblia é a palavra de Deus (quem escutou Deus para escrever alguma coisa não era profeta, mas esquizofrênico alfabetizado).
Lendas 3· Os cientistas tentam descobrir vida em outros planetas. (Na verdade tentam descobrir outro planeta habitável, pois sabem que este aqui já foi para o saco).
· De Metrô você chega mais cedo (Previsão de trem sentido General Osório: em 7 min [???]).
· DVD pirata estraga seu aparelho (mas na verdade, quem compra DVD pirata é um f***do).
· Não existe uma indústria lucrativa de concursos públicos.
· A finalidade institucional da ANVISA é promover a proteção da saúde da população.
· Mulher só trai quando alguma coisa está errada na relação. Lendas 4
· É dos carecas que elas gostam mais.
· Não é o tamanho que importa (rachei de rir).
· Ela/ele não malha para os outros, mas para se sentir bem consigo mesma(o).
· Funcionário público não trabalha.
· De médico e louco todos nós tempos um pouco (só se tivermos cursado pelo menos um período de medicina e rasgado uma nota de 100 reais pelo menos uma vez na vida).
Lendas1· Dei cinco sem tirar de dentro.
· ASFALTO LISO é um programa sério.
· O dinheiro do IPVA é usado para manutenção das estradas.
· O político é um servidor público.
· A justiça é cega.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Desespero

 

Você

não está aqui.

Sua paixão é outra.

Por aqui você orbita.

O corpo aqui, a cabeça lá.

O centro de gravidade que lhe prende aqui, desconheço.

Falta ar neste submarino, o oxigênio está acabando.

Com a cabeça lá, você não percebe nada, não sente nada.

Estou perdido, pois isso aqui tem dois motores e é foda

dar conta de ambos. Sei que não tardará para que sua cabeça,

sem ar, sem oxigênio,

saia por aí à procura

de um bote onde

só caiba

um.

morri asfixiado. eu que me dane. 

quarta-feira, 30 de março de 2011

Estou indo

 

São fragrâncias. Flashes. Algumas fotos mentais empoeiradas. Outras que parecem ter sido tiradas anteontem. Resquícios SIDEruidosos de um eu que não mais existe em essência, mas que insiste na presença marcada com goivas numa alma outrora ar, hoje madeira. Toco em frente.

Ainda há dias em que o espelho retrovisor incomoda, sobretudo quando é preciso frear no sinal. Vermelho de raiva. Roxo de angústia. Desesperado, quero pisar no acelerador e seguir em frente. Descubro, não obstante, que seguir em frente sempre implicará em checar o espelho retrovisor.

As lentes ardem nos olhos, como se coladas aos globos. As pernas tensas e cansadas do intercâmbio ora a frear ora a acelerar. Os braços querem sucumbir, mas é preciso chegar. A vontade é de parar no primeiro acostamento, mas tenho de prosseguir. Já cheguei aqui, ora essa. O jeito agora é checar o combustível. Será o bastante para lá chegar? Onde, contudo, é lá?

Percebo então que não me deram o endereço. Não tenho bússola, muito menos GPS. Meu Norte é a necessidade de tocar em frente. Esse vazio é a imbecilidade que me acompanha. Sempre caiu-me feito luva. Abro o porta-luvas e pego uma bala de menta. O ardume sobe-me as narinas e chega aos olhos. É quando as lentes quase pulam para fora. E se o fizerem? E se eu não mais conseguir enxergar o caminho à frente? Poderei parar? Será prudente?

Respiro fundo. Não! Não respire tão fundo! Cuidado com a menta! As lentes! O caminho à frente! Cuspa essa droga. Não chupe, cheire. Não! O couro dos assentos. Não é o máximo? Não lhe conferem uma identidade? Quem precisa de Norte quando se tem assentos de couro? Com eles chaga-se ao Sul, ao Leste, impressiona-se no Oeste. Você é alguém. Só não estrague os assentos. E prossiga.

Os objetos no espelho retrovisor sempre parecem mais próximos do que realmente estão. São referências. Apenas. Referências. Talvez mais tarde dê para tentar mais uma balinha de menta.

Mudança

É.

Cansei

Daquele

Lado de lá

Prefiro este

Aqui, ora pois.

Não

me

peça

para

voltar

pois

meu

canto

é esse

aqui.

Não se preocupe.

É tudo provisório!

terça-feira, 29 de março de 2011

Papo Utilitário

 

PrazerEsperei até que ele concluísse aquela longa e minuciosa descrição de técnicas e aparatos para a prática onanística, que envolvia, entre outros, caixas de ovos e rolos de cartolina, e perguntei:

- Meu irmão, qual a fonte de tanta criatividade?

Ao que ele respondeu:

- Cara, na infância, eu não perdia nenhum programa do Daniel Azulay.

Doravante evitarei, a todo custo, lembrar-me da Turma do Lambe-Lambe.

sábado, 26 de março de 2011

Em Teu Aniversário

Nascestes em 26 de março, poeta. Íntimo da noite, contemplastes o relógio prateado e perdestes a hora de voltar, mesmo depois de tantos retornos sob a chuva congelante.

Não sou digno de prestar-te homenagens, mas não posso deixar de pensar em ti, nesta noite do teu aniversário, quando boa parte do planeta apaga as luzes e, a lua, a uma sublime distância, inunda o céu enquanto chora pelo vazio que deixastes no mundo em 1963.

Teus versos, contudo, ainda nos enchem de emoção. Descansa, poeta. Parabéns, poeta. Obrigado, Robert.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Banco, Filas e Salame Bizarro

 

2Sabe quando vamos ao banco com a simples tarefa de pagar uma única conta e, ao chegarmos lá, damos de cara com uma fila imensa? É quando começamos a rezar para tudo quanto é santo, anjo e querubim para que não haja officeboys na fila.

No meu caso, em 98 por centos das vezes, há. Os santos, anjos e querubins já até desligaram a conexão direta entre nós quando o assunto é banco. Lá estou eu, com uma porcaria de uma conta que não posso pagar no caixa automático porque a desgraçada só pode ser paga no banco de origem – onde não tenho conta – e, à minha frente, três officeboys – TRÊS! – com vinte e cinco contas em mãos. Os caras chegam a se escorar no balcão entre eles e o caixa que, na maioria das vezes, envolve-se em um papo para velório.

O pior é que este carma parece se estender ao supermercado. Sabe a fila dos frios? Pois é. Eu NUNCA peço mais que dois tipos de frios – queijo minas e peito de peru defumado – até mesmo porque lá não encontro mais nada que eu possa chamar de saudável. À minha frente, tem sempre um(a) desgraçado(a) pronto parta pedir duzentAs gramas (sic) de pelo menos oito itens. Coisas das quais nunca ouvi falar. Outro dia ouvi uma criatura pedir, entre os vários itens bizarros em sua longa lista, duzentAs gramas (sic) de salame siberiano. Siberiano?! Desde quando produz-se salame na Sibéria?! A criatura infeliz conhece salame siberiano, mas não sabe que “grama” como medida é masculino? Não me estenderei nisso, mas tratava-se de uma senhora gorda, dessas que provavelmente se queixam do colesterol.

Não quero tirar o direito de ninguém comprar quantos itens bem quiser, pagar quantas contas precisar ou até falar um português questionável. O que não entendo, entretanto, é por que não se criam filas distintas. Por exemplo, nos bancos, deveria haver um caixa para até duas transações, outro para mais de duas transações. O mesmo no setor de frios do supermercado. Dessa forma poderíamos evitar que a ida ao banco ou ao supermercado fosse um carma para todos.

sábado, 12 de março de 2011

Coisa de Barbearia


Minha quinzenal visita à barbearia é o único momento em que leio o jornal. O de papel. É lá onde eu me dou conta mais intensamente de que estou envelhecendo, e não é somente porque sem as lentes eu não conseguiria ler o jornal. De papel. Corto o cabelo no mesmo local há 12 anos e, com os anos, percebo a reduzida quantia de cabelos que caem na capa vermelha emborrachada em volta de meu pescoço. Não leio o jornal durante, mas antes do processo, enquanto aguardo minha vez. Durante o processo estudo a queda. Do cabelo. Cada vez mais grisalho. E da pele facial. Cada vez menos rija. Leio então suas linhas.
Que leitura formidável, então! Leio algumas passagens do primeiro capítulo e a descrição do garoto com menos de um metro totalmente ereto na palma da mão de um cara sorridente que o chama de amigo. Amigos que não se conheceram o bastante. Um amigo desperta ao som do derradeiro pa-pa-pa-pa do Esporte Espetacular e dá falta do tapete de pelos do peito do outro amigo onde repousava a cabeça. Foi-se. E foi-se sem que se conhecessem melhor.
Pulo então para capítulos repletos de pontos: no queixo, que se encontrou com o para-peito da janela. Na extremidade superior esquerda da face, próximo ao olho que não viu o obstáculo e encontrou-se com o mármore branco das escadas daquela varanda. Não faltam pontos sequer na cabeça, que chocou-se contra a quina de jacarandá, capa em volta do pescoço, faz-de-conta que é formiga atômica.
No título do capítulo quatro, há uma ilustração. Um trem de chocolate. Do tamanho da mesa. Velinha e presentes. O polegar da mão direita encolhido na palma para que todos vejam o que é celebrado hoje. Palmas para ele.
Lá pelo capítulo oito, as linhas descrevem outra casa, outra varanda, novos pontos. Pontos parágrafos. E de seguimento. Na mesma linha, travessão. E mulheres generosas. Umas na cozinha, outras frente à lousa. Algumas grávidas. Prenhas de sonhos e ignorantes quanto ao que o tempo já concebeu para seu futuro. Era uma vez histórias de terror. Era uma vez sustos noturnos causados por portas abrindo-se sozinhas. Era uma vez infância. Era só uma. Uma dessas, apenas uma vez.
São capítulos com discos vermelhos de vinil, rainhas do milho, rainhas do mar, iaras, marias e monicas. E aparece também um careca quase irreconhecível, com a cabeça inchada de tanto trabalhar ao sol com a enxada, feliz por entrar no quartel. Este se foi sem nunca ter ido. Não se tem notícias. Largou a enxada e ergueu um muro. De concreto. Por lá perdeu-se.
Um capítulo traz um serzinho lindo, com os olhinhos azuis que sorri apenas quando vê o tio. O tio que agora vai ter um sobrinho-neto de cuja gestação aquele serzinho lindo hoje se ocupa. É mais um capítulo, certamente ainda muito distante do epílogo.
Entre as muitas ilustrações, há um esboço daquela que recebeu nome de cesta de flechas escondendo-se no breu do quarto onde deu início ao tórrido caso de amor que perduraria a vida inteira, com aquele ruivo delgado e que provavelmente a deixará sem ar nos capítulos futuros.
Capítulo 27: a paixão e o completo investimento de tempo por quem não merecia sequer um segundo de atenção. Grandes lições, marcas implacáveis.
Capítulo 33: o amor pelo amor. Amor de ser humano. A mais doce, generosa, cheirosa e charmosa das criaturas. Trouxe Pinóquio, violão, Billy, goiabeira e alegria. Lindas marcas em capítulos com páginas de cores distintas. Destaque especial.
Fico na metade do capítulo 39. O barbeiro já espana, retoca e estica o braço para pegar o espelho. O outro. Quer mostrar a parte de trás. Um ano atrás eu ainda conseguia ver nitidamente a cicatriz. Talvez esteja na hora de trocar as lentes. Certamente é hora de ir.
Mais uma olhada no espelho à frente. Chega de reflexão. Em duas semanas tem mais. Duas semanas a menos. Ponto parágrafo.

sábado, 5 de março de 2011

Mais uma vez, colombina.


E o carnaval chegou! Inevitavelmente, lembro-me de nossa triste e solitária colombina, que envelhece, ressequida, sem afeto e amor. Seu resquício de juventude ainda a impulsiona a encher a cara de maquiagem e, mais uma vez, fazer de conta que é amada, desejada, querida.


Terá nossa colombina consciência de que o amor e o desejo a ela dirigidos são cobertos por uma densa névoa etílica e viral?
Seria tanta maquiagem capaz de encobrir-lhe as rugas e a maldade, sua vontade de destruir a felicidade alheia?


Colombina, a você, meu silêncio. Deixo-lhe ao encargo do som da bateria, do trio-elétrico, da gritaria. Deixo-lhe com suas marcas de perdas daqueles que partiram atirando-se das alturas. Aqueles gritos silenciosos, sei bem, ainda ecoam em seus ouvidos. Aquele corpo espatifado no chão é o símbolo de sua herança genética de destruição, do ódio e da vingança imbecil e descabida. Está em seu sangue. Uma destrói famílias; outra destrói a si mesma. E você, colombina, já destruída,  correndo contra o tempo já há muito perdido, tenta amortecer a própria queda ocupando-se em tentar destruir a felicidade de outrem.

Minha felicidade, todavia, não depende do som de trios elétricos, tampouco de baterias ensurdecedoras.

Aproveite. Não lhe restam muitos verões, colombina. Falta pouco para que sua invisibilidade ou quem sabe até sua ridícula decrepitude assolem  e lhe aflijam.  

Aproveite as cores, pois na quarta-feira, tudo voltará às cinzas. Tudo cinza nessa sua vida imersa em um lodo de insignificância.

Bom carnaval!

sábado, 12 de fevereiro de 2011

As irrealidades da vida em tempos de reality shows



Lembro-me de ter acompanhado apenas a primeira edição do BBB, em 2000. Ainda sinto uma enorme dificuldade em compreender o que faz com que pessoas cultas e instruídas, de classe média/média-alta,  assistam a uma coisa dessas. Essa porcaria criou – ou ampliou – um voyeurismo descabido, a necessidade de ocupar-se da vida alheia. Sinto isso na pele, no dia-a-dia. “Amigos” de braços delgados fazendo recorrentes comentários jocosos sobre meus bíceps desenvolvidos.  “Amigos” que se dizem “descolados”, “modernos” ligando-me no dia seguinte a uma bebedeira para dar lições de moral, em um tom pasteurizado de psicólogos estadunidenses de TV, assustados por testemunharem o breve, espontâneo – e real – verter de lágrimas em um momento clara e etilicamente humano.
Há muito não assisto aos canais abertos. Meu pacote de canais a cabo, de tão reduzido, é desprovido dos canais de filme.

Não saberia identificar exatamente o porquê, mas perdi o interesse pela TV faz muito tempo. Acho insensato o fato de ser obrigado a assistir a um comercial da infame Colgate a cada dez minutos em um canal pelo qual eu pago. Não aguento a dublagem de quinta-categoria de atores mambembes tentando convencer-me de que sou um monstro vulnerável a doze problemas bucais. Nem sei como ainda consigo dar beijo de língua.  

Igualmente insensato é ser obrigado a passar boa parte das manhãs de sábado assistindo, nos mesmos canais fechados, às propagandas da não menos infame Polishop, que trata todo o mundo como imbecil, burro e quadrúpede, repetindo as mesmas informações sobre a porcaria anunciada umas duzentas vezes. E não é só isso! E tem mais! Ligue agora! Desligo o televisor na hora. Não acredito na qualidade de nenhuma daquelas tralhas. Como a Colgate, que cria – lê-se “impõe” – uma necessidade por meio do medo e do pavor, a Polishop cria – lê-se “impõe” – uma necessidade por meio da falsa sensação de vazio, com seus produtos que apenas farão volume na cozinha e atravancarão outros cômodos da casa, fadados a um destino de obsolescência.
Meu ceticismo estende-se à mídia escrita. Nutro um desprezo veemente pela revista Veja por um motivo simples e de fácil compreensão: certa vez postei um comentário no site da revista e os mantenedores da página o adulteraram, mudando completamente o sentido da mensagem. Deixei outro comentário, reclamando do fato, e esse, como o outro, também foi adulterado e lá permaneceu.
Estamos perdidos, caso ainda acreditemos em valores éticos e morais. O que faço é minha parte, ínfima, mas faço: afasto-me de pessoas que tentam se ocupar dos meus bíceps e incomodam-se com minha humanidade. Jamais comprarei qualquer produto da Polishop. Na minha casa não entra nenhum produto que venha da empresa Colgate. Só para dar uma idéia, usei o sabonete Protex por mais de dez anos, até que descobri que era do grupo Colgate. Aqui em casa já não há mais nenhum resquício desse sabonete. Não leio a Veja nem de graça. Leio as notícias online e tento tirar minhas próprias conclusões, sempre suspeitando da idoneidade das fontes.
Entristeço-me por me dar conta de que não cresci para viver NESTE mundo que agora encontramos. Ainda sofro com o processo de adaptação. Valha-me Deus.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Frase da semana

"Quero morrer dormindo, como meu avô, e não gritando como o pessoal que pegou carona com ele."

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Tocando pra Frente




Queria muito dizer que orgulho-me de tudo que já fiz. Maior inverdade, não obstante, jamais haveria se assim eu insistisse em fazer.
Obcecado que sou, vivo em nível atômico e molecular o tormento causado pela culpa.  Eis minha sina e meu desafio: despir-me do arrogante desejo de ser perfeito.
Creio que à medida que padeço e expiro, no meu processo doloroso de reflexão sobre o aqui e o lá, gravo a ferro em brasa ou, quem sabe, à palmatória de aço, a triste e pesada lembrança do que fiz e, mais que meramente lamentar, esforço-me para desaprender o itinerário que me levou à desgraça.
Lá não volto. A ponte que liga o então ao agora permanece, mas apenas no nível cognitivo. Mais cedo ou mais tarde, aprendo.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Despedida


A hora já avançara muito mais do que sinalizavam meus sentidos. Na verdade, eu estava confuso, embriagado pelo momento, aquele recorte ímpar de uma realidade turva. Sentia um cheiro de seis horas da manhã - quando o ar ainda se encontra denso de orvalho e livre do magnetismo das preocupações do mundo; aquele ruído insistente, entretanto, lembrava-me a hora do rush. A leveza n’alma, não obstante, pouco combinava com a sofreguidão de qualquer alma desgraçada tentando voltar para casa. Sentia-me em casa, apesar do caráter tão estranho imposto pelo cenário.

Aproximei-me da janela e abri as cortinas. Foi quando eu me dei conta de que já passavam das seis. Da tarde. Era quase noite. A linha ao fundo, em sua ida e vinda, seu subir e descer, trouxe-me de volta à luz de que encontrava-me a navegar. A luz da cidade ao fundo refletia-se nas águas quase planas, não fosse pela pequena turbulência que se originava no canto superior direito daquela moldura viva. Era seu barco. Partia para algum canto neste mundo, escondido pelo canto superior direito de minha moldura.

Não me senti triste. Ao contrário, senti-me aliviado. Fui tomado pela profunda consciência de que chegara sua hora de ir. Este barco já não mais comportava suas marcas negativas, seus arroubos de ódio, sua fome de matar, vingando-se de todo o mundo por ter sido morto por um só. Pela primeira vez senti que caso seu barco despontasse de volta daquele canto superior direito de minha moldura, eu não pensaria duas vezes antes de carregar o canhão.

Vi desaparecer naquele canto um barco deveras pequeno transportando um ego gigante, pronto para digladiar com outros, pois aqui neste barco ninguém mais o temia. Cerrei os olhos e torci para que nenhum pirata neste mundo vivesse impune. Senti uma forte convicção de que pouparia minha bala e meu canhão, uma vez que outros barcos já apontavam contra o seu.

Cerrei as cortinas e me virei. Era tudo o que os cinco centavos me ofereciam de show naquele pequeno odeon de vida privada. Rumei para a cozinha e fui tomar um café.